CASAMENTO CIVIL E RELIGIOSO NÃO POSSUI RESPALDO NAS ESCRITURAS DA VERDADE E NUNCA FOI OBSERVADO PELO POVO BANTU

Em Angola, o alambamento consiste numa tradição cultural forte e talvez mais importante do que o casamento civil ou religioso. O mesmo consiste numa série de rituais, como por exemplo a entrega de uma carta com o pedido da mão da noiva, ofertas em bens e por vezes até mesmo dinheiro.

Para melhor compreensão do assunto conversamos com Príncipe Yoʼzwa Bomengo, membro da Kanga de sua Majestade, Rei do Povo Bantu, TadyDiambwisu vô Tadydiantedimisi.


Qual é o valor cultural do ritual de alambamento para os povos Bantu?

Yoʼzwa Bomengo: De acordo o ensino de Sua Majestade Fhumu TadyDiambwisu vô Tadydiantedimisi, o Rei do povo Bantu, o que hoje consideram e denominam de alambamento ou pedido, e para muitos de “casamento tradicional”, é “MAKUELA”, ou seja, o casamento propriamente dito. Makuela no verdadeiro sentido significa que duas pessoas estão prontas para se relacionarem fisicamente e gerarem uma família, por isso que é makuela, que vem do verbo “kuyela ou kukuela” que significa “maduro” ou “amadurecer”.

São duas almas que estão maduras para se relacionarem fisicamente e gerar uma família. O que é pago para tomar a mulher nós chamamos de taxa de casamento ou contrato de casamento “nkanda makuela”.

Então, o primeiro objectivo do pagamento da “taxa de casamento” é para honrar a família e o segundo objectivo é o de pagar o direito do homem em tomar a mulher sexualmente e gerar filhos nessa mulher, porque é um território, o homem produz sêmen, e a palavra “sêmen” vem de “semente”, então o homem produz a água que na nossa língua se diz “masa”, e a água vai na terra e germina plantas que dão frutos.

É assim que funciona, o homem paga pela mulher onde ele vai gerar filhos. Por isso temos observado a grande necessidade da parte das mulheres do nosso povo que conhecem a LEI do Criador, que quando são pagas em makuela querem gerar filhos, porque este é o objectivo primordial do casamento “gerar família”, gerar continuidade da espécie das almas viventes.

O pagamento da “taxa de casamento” chamado de “dote ou carta de pedido” é para honrar a família e pagar o direito sexual da mulher, o direito do homem se unir com ela através do sexo e gerar filhos para este homem, e esta é a parte mais importante. Por isso que na nossa cultura bantu, quando um homem paga por uma mulher, os mais velhos querem filhos, porque sabem que é um terreno, o homem produz a água e rega a terra e a mulher tem de germinar as sementes e dar frutos.

O objectivo principal do casamente é formar família e formar família implica gerar filhos, então a taxa de casamento ou nkanda makuela ”carta de casamento” ou o “contrato de casamento”, serve para honrar a família paterna e materna da mulher e a própria mulher, por isso é que a carta traz artigos para família do pai, para família da mãe e para a própria mulher, no sentido de se pagar o direito sexual do homem nesta mulher. Por exemplo, quando um macho tem relações sexuais com a sua fêmea, quem carrega a semente que vai gerar os frutos? É a mulher, então o homem deve pagar pelo terreno, por isso é que a mulher virgem custa mais caro do que a mulher não virgem, porque uma mulher virgem é um terreno que ainda não recebeu nenhuma semente, e o homem ao colocar a sua semente neste terreno tem 100% de certeza que os frutos gerados aí, veem total e exclusivamente com seu DNA, sem nenhuma possibilidade de mistura ou contaminação com as sementes depositas anteriormente por outros homens.

Daí que o pagamento da taxa de casamento tem um grande valor cultural por ser neste acto em que se honra a família da mulher e se paga também o direito do homem em se unir sexualmente com a mulher para gerarem família e darem a continuidade da nossa espécie, as almas viventes. E a taxa ou contrato de casamento não deve ser visto apenas numa perspectiva financeira ou festiva, pois, como ensina o REI TADY, e testificado da Escritura da Verdade, a mulher pode ser tomada pela palavra dos seus pais, ou por aquilo que os pais designarem, sem, no entanto, ser um contrato que envolve dinheiro, tal como foi com o nosso antepassado Isolele, chamado pelo ocidente de Jacó, que trabalhou sete idades para tomar a nossa mãe em makuela.

Será que os bens exigidos pelas famílias não têm sido exagerados?

Yoʼzwa Bomengo: O desconhecimento da Lei leva à destruição, e quanto a isso, o Criador Tata Kongo disse: “o meu povo sofre porque lhe foi privado o conhecimento da verdade”.

Em Mbanza Kongo, o Reino do povo Bantu, Sua Majestade Fhumu Tady instituiu uma norma para regular os direitos matrimoniais, que preveem a salvaguarda da honra da mulher, o respeito pelos seus pais e pela família do homem também. O que acontece em termos gerais em Kongola “Angola” é que os casamentos nas famílias passaram a ser considerados como uma oportunidade de enriquecimento que, por fim acabam por vender a filha à família do macho.

Reconheço que em muitos casos se tem verificado exageros, até em makuela de mulheres que não são virgens e outras vindas de casamentos anteriores, os familiares simplesmente dizem: agora é a nossa vez, vamos lhe queimar”.

Este procedimento que se configura em aproveitamento, muitas vezes se justifica por ser este o método de muitas famílias impedirem que a sua filha se case, tentando por meio do contrato de casamento, afugentar o homem ou retardar o mais logo possível a consumação de makuela.

O nosso povo tem princípios, e estes princípios emanam da justiça ensinada pelo nosso REI. Makuela em Mbanza Kongo representa a unidade entre o semeador e a terra que recebe a semente para fazer reencarnar as almas viventes, por isso é motivo de festa e alegria, e não de discussões e brincadeiras como se tem verificado em Kongola.

O que se verifica no nosso Reino é que a taxa de casamento paga para uma mulher virgem seja mais cara do que uma mulher não virgem, porque, tal como referi, uma mulher virgem é um terreno que ainda não recebeu nenhuma semente, e o homem ao colocar a sua semente neste terreno tem 100% de certeza que os frutos gerados aí, veem total e exclusivamente com seu DNA, sem nenhuma possibilidade de mistura ou contaminação com as sementes depositas anteriormente por outros homens.

No seu ponto de vista o executivo deve criar normativos legais que defendam este tipo de casamento, a julgar pelo tempo da sua existência, seus princípios e regras?

Yoʼzwa Bomengo: Não, porque de acordo o ensino do Rei do povo bantu, a nação Kongo deve considerar o makuela por via de pagamento da taxa de casamento como o único casamento, devendo ser este também o posicionamento do executivo.

O casamento civil não pertence ao bantu, por se realizar em conservatórias que proíbem a poligamia e o religioso também não pertence ao nosso povo, porque antes da igreja chegar aqui, nós já nos casávamos e bem.

O casamento civil e religioso não tem respaldo na Escritura da Verdade e nunca foi observado pelo povo bantu, então quê normativos o executivo pode criar se a nível da sua legislação realizam casamentos de monogamia obrigatória diferente dos nossos princípios como bantus que somos? Casamentos nas conservatórias e igrejas são cerimónias ocidentais trazidas com a colonização, e como bantus, rejeitamos estes princípios que ferem a Lei do Criador.

A defesa do makuela ou “alambamento/pedido/casamento tradicional” como chamam, é uma obrigatoriedade do nosso povo, somos nós que devemos defender a nossa LEI e combater o ensino vazio e perverso do ocidente. Hoje com muita tristeza observamos a nossa cultura ser chamada de “tradição”, um termo que para muitos, representa a ausência de intelectualidade, e por isso desprezado.

Nossa medicina é chamada de “tradicional”, nosso casamento é chamado de “tradicional”, o nosso poder é chamado de “tradicional”, e o tradicional se tornou velho e antiquado que em muitos casos confunde-se com feitiço. Infelizmente esta é a colonização que ainda vigora na nossa terra.

Antigamente a rapariga casava-se, virgem uma honra para ela e sua família, coisa que hoje já não acontece. Como analisam essa situação?

Yoʼzwa Bomengo: Este é um problema conjuntural que deve ser imputado tanto às famílias, ao Estado e à guardiã da espiritualidade ocidental chamada de “Igreja”.

Na nossa terra, de forma astuta, o ocidente por meio das suas religiões chamou o “crime” de “pecado”, e assim criou-se uma separação de punições, ou seja, quem comete crime paga aqui na terra e quem comete pecado paga no inferno que ninguém sabe onde fica e como se vai lá.

Então, foi a partir daí que a terra toda se prostituiu e mergulhou na imoralidade sexual de todo tipo, porque passou a ser pecado para pagar no inferno depois de morrer, e deixou de ser crime que deviam pagar enquanto vivos.

No nosso Reino, segundo o ensino do REI do povo Bantu, uma mulher deve ser entregue em makuela sendo virgem, e o sexo antes ou fora do casamento não é pecado para se ir pagar “apenas no ínferno” depois da morte, mas é crime para ser sancionado no Reino enquanto vivo. Toda acção da desobediência à Lei do Criador é crime e quem desobedece é criminoso.

Em Mbanza Kongo não existe namoro, porque o namoro é a legalização da imoralidade sexual, e toda teoria associada a este princípio imoral (ah porque devemos ainda nos conhecer, etc.), são teorias infelizes que desonram as famílias e fazem proliferar a imoralidade. O pior é que estamos numa terra que ainda se celebra o “dia dos namorados”, ou seja, “dia do sexo generalizado”.

Nós em Mbanza Kongo voltamos à pureza que a LEI do Criador Tata Kongo exige, por intermédio do seu escolhido para nos conduzir, o Rei TadyDiambwisu vô Tadydiantedimisi, por isso exorto, em nome do Rei que considerem o sexo ilícito como crime e não como pecado.

Obedeçam a Lei que hoje é ensinada pelo Rei do nosso povo bantu, rejeitem o amor como razão para se casar, porque o propósito de casamento não está dependente de um sentimento tão injusto como o amor, se assim fosse, Adão amaria primeiro a Eva antes de lhe aceitar como mulher ajudadora.

Sabemos que o casamento tradicional bantu é um acto com cunho cultural bastante marcante para as famílias em todo o território nacional, pois trata-se de uma tradição que dura séculos, neste sentido o que vocês aconselham para que esse casamento seja duradouro?

Yoʼzwa Bomengo: Em nome do meu Rei Tady que é também o teu Rei, digo-lhe: para nós o povo bantu existe apenas o “casamento”, e, é uma LEI do CRIADOR, então não minimizemos por “tradicional”. A Lei do Criador ensinada hoje pelo Rei, permite divórcio em casos de adultério e incredulidade ou rejeição da nossa Lei, que se pode verificar por constantes insubmissões da mulher ou injustiças do marido, ou ainda pela rejeição do Criador o qual cremos, pois, se rejeitou a Lei, então rejeitou a Vida.

São, entretanto, estas situações que podem condicionar a durabilidade dos casamentos. No dia que o nosso povo entender que não existem direitos iguais entre o macho e a fêmea, sendo que cada um foi criado para uma função, e todos cooperam para o bem comum, os casamentos voltarão a ser uniões duradouras e as famílias voltarão a ser estruturadas.

Homem tem uma função e mulheres têm outra no casamento, e ambos se complementam, um como a ordem e outras como a submissão dentro da justiça.

Já viu um chefe ter os mesmos direitos que o seu subordinado? Cada um tem seus direitos, mas nunca iguais, é isso que falta nos casamentos dos filhos dessa terra que ainda não aplicam as Leis do REI que foi designado para nos conduzir.

Quero reiterar que boa parte do povo de Kongola tem um conceito errado sobre o casamento, porque lhe foi incutido pelo ocidente de que uma pessoa deve casar-se no tradicional, no civil e na igreja. Este é um dos maiores erros que ao longo deste tempo descontruiu as famílias e incentivou a prostituição e o adultério.

Uns se casam nas famílias e ainda se consideram solteiros porque precisam ir a conservatória para assinar papéis, e ficam anos e anos a arder de desejo, e quando se envolvem sexualmente são acusados de fornicação, enfim. Ora vejamos, uma mulher que eu paguei diante da sua família para ter direitos sexuais com ela, ainda preciso ir assinar papéis para tomá-la?

E depois nas igrejas dizem uma só carne, mas quando vão nas conservatórias se casam em separação de bens ou todos aqueles regimes trazidos para te avisar que estás a começar um projecto falido.

Para terminar, agradeço pelo convite para abordar este assunto. Vida longa ao nosso REI Fhumu Tady. Mbanza Kongo – justiça, paz, alegria, riqueza lícita e vida eterna. Nkembo kua Tata Kongo kuamazulu. Ngeta.

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