A Polícia, SIC e órgãos públicos não estão preparados para actuarem num país em paz

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ISIDRO KANGANDJO

Director do Portal Factos Diários

OPINIÃO


Desde o dia 19 de Março, venho acompanhando, de forma vergonhosa actuação dos órgãos de segurança do Ministério do Interior e compreendi que o modelo da Polícia Nacional não é apropriado para um país em paz ou num país que quer prolongar com a paz que faz no dia 04 de Abril 20 anos.

A imparcialidade no caso Sanza Pombo, província do Uíge, seria o mais aconselhável para não se semear ódio entre irmãos. Não é normal a novela que estamos a presenciar nos últimos tempos nos órgãos públicos e privados.

O Ministro do Interior, se o caso não fosse político, deveria ordenar a detenção do responsável do Serviço de Investigação Criminal na província do Uíge e o Comandante Provincial da Polícia Nacional pelo facto de encararem esse fenómeno com apenas um olho, um ouvido e uma voz autorizada.

O Serviço de Investigação Criminal anunciou no dia 22 deste mês, a detenção de 32 cidadãos (todos militantes da UNITA) e ontem, 23, a polícia informou que estão detidos mais de 50 cidadãos (todos militantes da UNITA) e a perspectiva é de deter cerca de 100 elementos que participaram na arruaça do dia 19 de Março.

Depois de ter acompanhado esses argumentos de um efectivo da Polícia Nacional, compreendi logo que aquele Ministério do Interior liderado por General Eugénio César Laborinho, deveria mudar de pintura e assumir que se trata de um laboratório do Partido-Estado que tem como missão dividir para melhor reinar.

Pelo que vi e li, o SIC não teve o tempo de investigar, apenas alguém terá supostamente indicado quais são os militantes da UNITA e serem responsabilizados. Se a palavra “Investigação” tivesse poder (refiro-me no caso Sanza Pombo) acredito que a Secretária do MPLA e o Secretário da UNITA naquele município, seriam os primeiros a sentar no banco dos réus para justificarem a intolerância política.

Aos órgãos públicos e privados

Talvez os nossos colegas precisam de compreender que a Imprensa tem poder e quem acompanha o nosso trabalho pode analisar de forma diferente. O que estamos assistir e ler, num país sério onde as leis funcionam, o melhor seria cancelar a transmissão por excitar o terror e ódio entre irmãos. A peça de um jornalista é determinante para prolongar com a guerra ou cessar a guerra, a peça de um jornalista pode transformar um país dos intolerantes e, para se evitar isto, é precisamente sermos imparcial e deixar os interesses dos chefes de parte.

Nesta novela vimos a primeira Secretária (suposta vítima) a testemunhar como administrador e com riso que representava o teatro que estava montado. Os Sobas que alegam serem torturados mas sem apresentar ferimentos e os arquitectos das estratégias estão a sorrir e talvez o Presidente da República também felicitou por alguém estar a preparar, de forma crónica, peças aterrorizantes e de ódios entre irmãos.

No episódio do dia 19, para o bem da paz e da reconciliação nacional, o assunto deveria ser tratado olhando nas causas, quem autorizou para que no mesmo dia fossem realizadas duas actividades políticas no mesmo lugar. Deveriam questionar quem começou com os insultos e responsabilizar os autores das agressões de forma justa sem olhar na raça ou core partidária.

Deixar que os militantes da UNITA fiquem na cadeia e os militantes do MPLA vão na imprensa para infernizar os outros sem ninguém vir dar a sua versão, acho que alguém está agir de má-fé com objectivo de atender os interesses de pessoas que ainda não foram identificadas.

Pelo que acompanho, os militantes da UNITA apresentam os seus vídeos da razão e com os membros feridos e o MPLA exibe os seus vídeos e com os seus membros feridos com ajuda dos órgãos públicos. O que se exige é o profissionalismo dos Serviços de Investigação Criminal para punir todas as pessoas envolvidas neste escândalo vergonhoso e não escolher a ideologia partidária.

A manutenção da paz depende de todos nós, por esta razão, não podemos permitir que as ideologias partidárias (UNITA e MPLA) venham invadir a nossa cidadania, irmandade e boas convivências. Não deixemos que a nossa profissão seja comandada por políticos.

Até aqui, a TPA, TV ZIMBO, JORNAL DE ANGOLA E RÁDIO DESPERTAR, não estão preparados para informar o povo sobre o caso do Sanza Pombo.

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