Agora é a vez dos Lourencistas(?)

Uma semana depois do seu encerramento, há militantes que continuam a comemorar vitórias pessoais obtidas por via do VIII congresso ordinário do MPLA.


Opinião

Em clima de “rir à toa” – como dizem os brasileiros – estão não apenas a jovem que, aos 18 anos, e sem “saber ler e nem escrever”, foi eleita para o Comité Central, o próprio líder do partido, que aproveitou o evento para se desenvencilhar da “geração do Beiral”, maioritariamente composta por antigos indefectíveis de José Eduardo dos Santos, e outros dirigentes do partido que “se aproveitaram” do conclave para descalçarem botas incómodas.

No secretariado do Bureau Político, por exemplo, a troca de Salomão Xirimbimbi por Idalina Valente traduziu-se num santo remédio para as permanentes enxaquecas que incomodavam o ministro de Estado para a Coordenação Económica, Manuel Júnior.

Secretário para a Política Económica do Bureau Político cessante, Salomão Xirimbimbi sempre se opôs – “de frente e de trás” – às opções económicas defendidas pelo ministro de Estado para a Esfera Económica.

Com passagens, como titular, pelos Ministérios das Pescas, Planeamento e Finanças, Salomão Xirimbimbi coordenou o grupo que produziu o programa económico com que o MPLA concorreu – e ganhou – em 2017.

Nas reuniões da bancada parlamentar do MPL e noutros fóruns, Xirimbimbi nunca escondeu as suas divergências com o modo como a equipa económica do Executivo, encabeçada por Manuel Júnior, executa o programa do MPLA.

A generalidade do tecido económico do país é unânime na crítica às opções do Executivo, as quais responsabilizam pela crescente falência de empresas e do emprego.

Um conhecido economista angolano, que pediu para não ser identificado, retrata o ministro de Estado para a Coordenação Económica como alguém que “parou nos anos 60. Continua a defender a economia de escala, aquela que privilegia projectos megalómanos. Isso hoje está completamente ultrapassado. A economia hoje já não vive de mega projectos. Veja-se o resultado do grande investimento feito em mega-projectos têxteis. Em quê é que isso tem dado?”.

Licenciado em Economia pela Universidade Agostinho Neto, as qualificações académicas de Manuel Júnior – o “Académico” como é tratado nalguns círculos – incluem, também um mestrado e doutoramento em Finanças Públicas pelas Universidades de Essex e Iorque, ambas do Reino Unido.

Mas, ao que dizem os entendidos, o respeitável curriculum académico não tem feito de Manuel Júnior um bom condutor das políticas económicas do Executivo.

No rescaldo do VIII congresso do MPLA, o líder, João Lourenço, tomou claro partido do seu ministro da Coordenação Económica.

A Salomão Luheto Xirimbimbi não só foi retirada a pasta da secretaria para a Política Económica como foi defenestrado do próprio Bureau Político.

A estrepitosa queda do também antigo presidente da bancada parlamentar do MPLA só parou no Comité Central, onde, num universo de quase 700 membros, dificilmente será chamado a “fazer prova de vida”.

Dir-se-ia, em suma, que o “Académico” saiu por cima no confronto com o também antigo governador do Namibe.

Também a “rir à toa” estará o governador de Malange, Kwata Kanawa.

Beneficiado pela proximidade familiar com o líder do partido – o filho de um está casado com a filha do outro -, Kwata Kanawa conseguiu que dois dos seus principais desafectos em Malange fossem excluídos do Comité Central.

Monteiro Kapunga, o maior empregador privado em Malange, e Alfredo Junqueira Dala, um antigo segundo secretário provincial, foram “varridos” do Comité Central num processo em que se diz que as impressões digitais de Kwata Kanawa são bastante visíveis.

Os ora defenestrados estão em permanente bulha com Kwata Kanawa por causa da sua desastrada administração da província de Malange.

Desde que José Eduardo dos Santos fez dele governador, em Outubro de 2012, Kwata Kanawa fez de Malange a prova mais palpável da Lei de Murphy segundo a qual nada está tão mal que não possa piorar.Nos últimos 10 anos não foi feita em Malange uma única realização de que os seus cidadãos se possam orgulhar.

Pelo contrário, os malanginos assistem à uma acelerada degradação de infraestruturas como vias de comunicação, edifícios públicos, sobretudo

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