Vítimas da seca e fome pedem intervenção dos Jovens Unidos e Solidários
O índice de pobreza em Angola atinge 41% dos cidadãos, o que significa que 41 em cada 100 angolanos têm um nível de consumo abaixo da linha da pobreza (12.181 Kz/ mês). O relatório destaca as províncias do Cuanza Sul, Lunda Sul, Huíla, Huambo, Uíge, Bié, Cunene e Moxico com o maior índice de pobreza, os dados vêm expostos no “Relatório de Pobreza Para Angola 2020”, lançado recentemente pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
Por Isidro Kangandjo
A pobreza é uma realidade em Angola no qual as críticas e discursos não resolvem nenhum problema senão a prática. Alimentação, materiais agrícolas assim como a criação de furo para a irrigação de campos agrícolas, são necessárias para as famílias vítimas da seca no sul do país.
O PDNA foi realizado, entre 11 de julho e 19 de agosto de 2016, pelo Governo angolano, com assistência técnica das Nações Unidas, nas províncias prioritárias do Cunene, Huíla e Namibe, todas no sul do país.
A seca voltou a marcar presença no calendário agrícola de 2015/2016, tendo esta sido a estação mais seca em 35 anos registada na região da África Austral, aponta o relatório.
Nas províncias do Cunene e da Huíla, aproximadamente 68% dos agregados familiares dedicam-se à agricultura, especificamente à plantação de cereais (massango e massambala), sendo igualmente a pecuária um importante meio de sustento, com destaque para o gado bovino.
Segundo os últimos números fornecidos pelo Governo angolano para o PDNA, atualmente existem 1.139.064 pessoas afetadas pela seca nas três províncias – 755.930 (Cunene), 205.507 (Huíla) e 177.627 (Namibe).
O relatório revela que a situação geral nas áreas afetadas tem vindo a deteriorar-se, com o aumento dos casos de subnutrição, abandono familiar, violência doméstica, produção de carvão, bem como pelo agravamento da desflorestação e a degradação contínua dos recursos hídricos na região.
A informação revela que na província do Cunene, a mais afetada pela seca, os casos de subnutrição passaram, em 2011, de 1.357, para 9.999, em 2015, enquanto que na Huíla foram registados, 105 casos, em 2011, passando, em 2015, para 1.969, mas com um pico maior, em 2014, quando atingiu os 6.044 casos.
O país está sem dinheiro para atender todas as preocupações da população, por isso, todos são chamados a intervir com o pouco que têm para acudir a fome que assola muitas populações vítimas da seca e das inundações das chuvas sobretudo no sul e leste do país.
Uma reportagem efectuada pela TV Zimbo no município do Quilengues Província da Huíla, revela que cerca de 120 mil habitantes a metade corre o risco de morrer de fome se ninguém intervir. As terras secaram por falta da chuva e nas outras regiões a mesma caiu demasiadamente e as sementes ficaram destruídas, para isso, são as poucas possibilidades para sobreviverem da fome no Quilengues.
Para matar a fome, muitas famílias alimentam-se de frutos silvestres e o pouco de massambala que restou na lavra e, infelizmente, já não há no stock para os próximos dias e temem morrer de fome.
“A chuva que caiu no mês de Março estragou a nossa produção porque o rio ficou cheio e carregou os nossos produtos”, contou um dos munícipes vítima da seca.
Algumas adolescentes casam cedo para minimizar a situação sociais, porém, a prática mostra o contrário. Muitas famílias na província da Huíla e Cunene, não conseguem cumprir as três refeições diárias e muitos preferem o jantar, mas com muita dificuldade.
Apesar deles viverem longe das cidades, as vítimas da fome têm acompanhados as acções solidárias da Associação dos Jovens Unidos e Solidários através dos órgãos de comunicação social e aguardam com júbilo a sua vez. “Nós acompanhamos em Benguela, Huambo e nas províncias do leste a actuação da Associação dos jovens Unidos e Solidários, distribuindo alimentação às famílias desfavorecidas, queremos também que cheguem aqui na nossa província se não morreremos de fome”, suplicam.
Na província do Cunene por exemplo, 68% da população, apresentam o maior número de pobres e todos residem na área rural.
O relatório mostra também que os índices de pobreza mais elevados se acentua na população com 65 ou mais anos de idade: incidência 43,7%, profundidade 12,7% e intensidade 5,8%. Os índices abaixo da média nacional encontram-se nas idades inferiores a 34 anos de idade.
Com o surgimento da Covid-19 em Angola no mês de Março, a situação piorou na vida dos cidadãos, por isso, a intervenção das forças políticas, sociedade civil e outras organizações parceiras do Estado, são chamados para intervir.
Accão da Associação dos jovens Unidos e Solidários que teve início a 15 de Junho e a segunda temporada no dia 18 de Julho deste ano, já beneficiaram mais de 25 mil famílias e percorreram mais de 10 mil quilómetros por estradas asfaltadas e picadas. Em cada município ficou 60 toneladas e os beneficiários foram selecionados de acordo a situação social de cada família.
Olhando nos resultados, a população que vive nas zonas mais afectadas pela seca, solicitam a presença da “AJUS” para matar a fome.