“A esperança dos jovens angolanos me parece muito nublada”
Por Moisés Betatela Luís, politólogo.
Em qualquer campo da vida, o futuro sempre esteve ligado ao passado e ao presente, de tal sorte que a compreensão do futuro nada mais é do que olhar para o passado, entender como chegamos ao presente e calcular a força que temos, tendo em conta a nossa própria capacidade de realizar.
É verdade que existem fenômenos naturais e contextuais que podem afectar diretamente o futuro através do presente, mas a capacidade de planificar um futuro realista também passa pela capacidade de fazer face a estes fenômenos.
A esperança dos jovens angolanos para o futuro, falando como parte desse grupo que compõe a maioria dos cidadãos deste País, o futuro me parece muito nublado.
Como acontece em qualquer país, a história condicionou o desenvolvimento do nosso País, quer a história que nos remete para o período colonial, quer a história mais recente da guerra civil angolana.
Outrossim, temos também uma história onde o nosso futuro só depende de nós, onde temos relativamente capacidade para dar o salto do desenvolvimento e acabar com os males que ainda nos assolam, tal como a pobreza, o desemprego, doenças como a malária, entre outros… Porém, a demonstração clara de um certo nível de incapacidade para se criarem as melhores estratégias que visam alcançar esse objetivo.
É claro que melhoramos em alguns campos, como os da eletricidade e ensino, embora estes sectores também apresentam os seus próprios problemas.
Os jovens em Angola sempre fizeram parte daquela franja guerreira da população que não mede esforços para, honestamente, realizar os seus objectivos colectivos e pessoais, desde a luta colonial à participação activa no desenvolvimento.
Hoje a regra não mudou: todos os dias vemos jovens lutando de diferentes modos para contribuir honestamente no desenvolvimento, mas ao mesmo tempo é possível ler nos olhos destes jovens um certo nível de dúvida crescente em relação ao futuro a todos os níveis. Vemos jovens universitários, por exemplo, que terminam a faculdade e não conseguem um emprego na sua área de formação. E qual tem sido a reação imediata de muitos? Emigrar, claro.
É preciso olhar para o futuro com mais clareza e optimismo, mas a realidade, às vezes, não nos dá muitas opções.
Assim sendo, é preciso criar estratégias de Estado que visam resolver o problema da forma mais rápida e sustentável que for possível, pois, o tempo da política não é o tempo do cidadão, pois e mais importante: é preciso que os jovens sejam partícipes da elaboração dessa estratégia. Não apenas os jovens que estão na política, esses são a minoria. É preciso que se vá muito além disso.
Se assim o fizermos, talvez poucos jovens sintam necessidade de emigrar e a confiança em futuro risonho será mais forte.