Dá medo exercer o jornalismo no país do Presidente João Lourenço
OPINIÃO
Isidro Kangandjo/Jornalista e CEO do portal Factos Diários
Sou Isidro Kangandjo, CEO do portal Factos Diários, Jornalista de profissão acreditado pela Comissão de Carteira e Ética com o nº 2449. Não sou marginal, nem militante de nenhuma força política e nem estou ao serviço de ninguém, a não ser o da verdade. O que escrevo aqui, é sobre como penso a coisa, portanto, trata-se de simples opinião.
Custa-me acreditar que, depois de sermos liderados por dois presidentes (António Agostinho Neto, 1975-1979 e José Eduardo dos Santos, 1979-2017), nos momentos mais difíceis da vida política do nosso país, não terá acontecido o assassinato mental e o roubo de meios de trabalho dos jornalistas. O medo e o terror implantados no seio da sociedade angolana, de forma directa ou indirecta, está a tomar conta de nós num novo governo em estado de exercício.
O Presidente parece sério ao se solidarizar com os jornalistas e afastar-se de todos os assuntos que pesam sobre a sua governação, mas ele não questionou aos seus auxiliares sobre como é possível o pais ter equipamentos para detectar “quem fala mal do Presidente” mas não ter aparelhos que fazem impressão digital aos indivíduos que invadem a sede do SJA e àqueles que assaltam casas de jornalistas para forçarem o seu silêncio.
Com a governação do Presidente João Lourenço, o artigo 44º da Constituição da República de Angola tornou-se quase inexistente, inaplicável, isto é, aos poucos está a perder a sua função, porque, ao meu entender, alguém tem medo da liberdade de imprensa.
Na governação do Presidente João Lourenço, resta apenas cortarem-nos as cabeças, porque, na visão daqueles que nos governam e daqueles que são denunciados pelas más condutas, preferem os órgãos públicos aos privados, discriminam-nos e jogam-nos à sorte. O país deve é rever-se, bem como o Presidente da República e os seus auxiliares. Lembrar que nós, enquanto jornalistas, não existimos para vos agradar, mas para “formar, informar e transformar”.
Somos nós que fizemos acontecer a liberdade de expressão, somos nós que, através das nossas fontes, demos luzes para uma governação de proximidade e contribuímos para a resolução dos problemas fazendo eclodir as reais necessidades do povo.
Não é possível, num país que se diz sério, a sede do Sindicato dos Jornalistas Angolanos-SJA ser invadida por três vezes, dois colegas serem assaltados e levados os seus meios, um colega ter a sua esposa como vítima da radicalidade do marido a qual foi talhada por duas vezes (como escreveria Fridolim, bode expiatório), e ninguém aparece para dizer basta às torturas e perseguições aos jornalistas.
Espero que tudo isso que está acontecer não tenha o consentimento dos senhores que detêm os três poderes. Porque se têm, esses senhores o fazem com a finalidade de denegrir a imagem da governação de JLO, por esta razão, é do interesse de todos em combater o golpe estratégico contra o dono do Palácio.
Peço aos funcionários do Serviço de Inteligência e Segurança do Estado-SINSE, Serviço de Investigação Criminal-SIC e a Polícia Nacional de Angola-PNA para trabalharem arduamente, pois, não basta exibirem luxos e sanidades físicas com partes de corpos avantajados envolvendo-se em fofocas e sujar as mãos com sangues inocentes. É bom que mostrem a vossa competência, tornando público os causadores dos ataques à liberdade de imprensa em Angola.
Queremos nos sentir livres durante o exercício das nossa funções, queremos ser respeitados, pois o jornalista não é criminoso e o nosso único partido é o JORNALISMO. Não somos os vossos filhos e nem os vossos servidores para nos ordenarem e sofrermos ameaças, nós temos órgãos próprios (Comissão de Carteira e Ética, ERCA e Sindicato dos Jornalistas Angolanos) para quem quiser se queixar. Não nos perseguem, porque vocês também morrem, pois ninguém é eterno. Ninguém sairá vivo nesta terra de ninguém.
Devolvem-nos a liberdade, pois ela pertence a nós. Precisamos dá-la aos que a procuram, não sejais egoístas, somando liberdades cafricando o Jornalismo.