Uma reflexão sobre o Dia da Liberdade de Imprensa

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A realidade no que tange à Liberdade de Imprensa nos últimos cinco anos tem sido uma espécie de viagem aos solavancos sobre um terreno bastante acidentado e é com muita pena que ainda seja assim, 30 anos depois da instauração da democracia.


André Domingos/ Professor universitário

Para mim um dos melhores momentos no exercício da Liberdade de Imprensa terá ocorrido tão logo aconteceu a troca de inquilinos no Palácio da Cidade Alta. Todos, enquanto fazedores e consumidores de conteúdos mediáticos, lemos ouvimos e vimos o quanto os nossos noticiários estavam mais arejados seguindo a risca os cânones do jornalismo.

As pessoas passaram a ser o centro da notícia. As redacções e os jornalistas cumpriam com a função de denúncia e as pessoas comuns, num ápice descobriram que podiam recorrer aos jornalistas para fazer ouvir as suas vozes, expondo as inquietações.

O Mais Alto Magistrado da Nação dera sinais de abertura quanto ao acesso à presidência, instituindo uma regular comunicação com os governados, falando à mídia com mais frequência mas estabelecendo ainda uma regularidade cultura de submeter-se ao questionamento dos jornalistas.

Até entrevistas individualizadas chegamos a ter! Via-se de facto que tinha chegado a hora de sabermos por via de uma fonte ao mais alto nível, o Presidente da República a quantas e como andava a nossa Nação.Entretanto, uma sucessão de eventos, onde se inclui a pandemia da Covid-19, mas não apenas isso, levaram a uma guinada neste ambiente arejado e num ápice os velhos hábitos do passado voltaram a fazer morada e “tudo o vento levou” como escreveu um poeta.

Entretanto, este “fechar de portas”, esta a funcionar como “faca de dois gumes”, pois a ascensão tecnológica colocou na mão dos mais comuns dos cidadãos, antes apenas remetido a condição de “receptor”, dizia colocou na mão de quase todos os cidadãos, a condição de também serem por si mesmo emissor.

É pois “faca de dois gumes” porque, não sendo humanamente possível transformar todos os cidadãos em profissionais de comunicação, com o estreitar da comunicação desejável proliferou o boato, a devassa, a fake-news e outras barbaridades que nos afectam, incluindo os poderes instituídos.

Não sei o que seria melhor opção: comunicar pelos canais tradicionais ou deixar a que os males trazidos pela “era tecnológica” façam morada entre nós. Achamos que a primeira opção é de longe a melhor e por ela já caminho outros semelhantes, mesmo aqui na região da SADC, onde infelizmente Angola é inquilino fiel da ‘cauda na classificação’ sobre Liberdade de Imprensa.

Penso que nos últimos dois anos até desperdiçamos a gloriosa ascensão que vínhamos fazendo com o galgar de uns bons degraus no ranking sobre Liberdade de Imprensa. Estamos à espera da classificação deste ano mas, receamos que não teremos feito progressos significativos, tal foi a nossa caminhada nos últimos tempos.

Precisamos estar ao pé de similares como a Namíbia (SADC) que tem uma regular e invejável classificação entre os melhores do mundo. Ou como Cabo Verde (outro nosso similar entre os falantes da Língua Portuguesa) que se mantém de pedra e cal entre os melhores. Não precisamos caminhar ao ritmo da passada dos outros mas, podemos aprender com eles e procurarmos caminhar mais

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