Site português destaca desigualdades extremas após duas décadas de paz em Angola
Foi partilhada, recentemente, no site ´Notícias ao Minuto´ informações que ´espelham´ as verdadeiras desigualdades no país, após duas décadas de paz efectiva. Referindo-se aos relatórios da missão do Fundo Monetário Internacional-FMI, da fundamentação do Orçamento Geral do Estado-OGE e das palavras do economista Alves da Rocha, sinalizou que no período entre 2017 e 2021 a perda foi de 315 dólares (293 euros) anuais por cada cidadão.
Por Joaquim Paulo
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“Caviar e lagosta nas opíparas refeições oferecidas pela burguesia nacional contrastam com o funge de mistura, sem conduto (só de água, sal e gindungo) em mais de 90% das famílias angolanos”, palavras do Economista Alves da Rocha, citado pelo o mesmo site.
O economista entende que intensa dinâmica de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) entre 2003 e 2008 (cerca de 10,7% ao ano, podendo ser duplicado em menos de sete anos), um dividendo material efectivo da paz, foi canalizada para o processo de acumulação primitiva de capital e de criação de uma burguesia nacional endinheirada. Por outro lado, os dados de base, retirados das referidas fontes, às quais se pode juntar as contas nacionais, observa Alves da Rocha, apontam para uma “degradação crescente” das condições gerais de vida dos angolanos.
SOBRE A PAZ
“Devemos ter vergonha do quadro societário desequilibrado existente onde campeia a pobreza, a fome e a marginalização. É indigno comemorar-se os anos de paz com tanta criança nas ruas a pedir um pão para comer”, lamentou o economista, para mais adiante defender que a reconciliação nacional só será efetiva com uma base económica segura (espalhar-se dentro de critérios de racionalidade, estruturas produtivas e económicas), crescimento sustentável e acesso a oportunidades de enriquecimento.
No entender do economista angolano, a ausência de guerra “é importante e inestimável mesmo”, contudo, a ausência de acções armadas não significa paz, “apenas novas condições para o acontecer do desenvolvimento” e do progresso, “os únicos e determinantes factores de unidade e reconciliação nacional”.
Em termos gerais, segundo o mesmo, a ausência de guerra “é um ganho substancial, mas o seu aproveitamento tem sido defeituoso e acintoso” já que não resultou em “melhorias visíveis nas condições de vida da maioria da população”.