SEGUNDO O EXECUTIVO: Empregos gerados no país aumentaram 25 por cento, número não acompanha dificuldade da população
Governo anuncia crescimento de 25% no emprego, mas angolanos continuam a enfrentar dura realidade económica.
Por Joaquim Paulo
O Diretor Nacional do Trabalho anunciou que foram criados, no primeiro semestre deste ano, mais de 110 mil empregos, representando um aumento de 25 por cento comparativamente ao período homólogo de 2023.
Contudo, apesar destes números promissores, a realidade para muitos angolanos, especialmente jovens, continua a ser desoladora. António Estote, que falou esta quarta-feira num encontro com a imprensa promovido pelo Ministério da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social, revelou ainda que, em relação ao segundo semestre de 2023, houve um incremento de 16 por cento.
Entre os sectores que geraram mais empregos destacam-se os serviços colectivos sociais pessoais, com 29 por cento, o comércio, com 15 por cento, a construção, com 10 por cento, e as actividades imobiliárias, também com 10 por cento. No entanto, estes aumentos sectoriais não têm sido suficientes para aliviar a pressão económica sentida pela população.
O Secretário de Estado para o Trabalho e Segurança Social, Pedro Filipe, afirmou que a taxa de desemprego em Angola, que se situou acima dos 32 por cento no primeiro trimestre deste ano, é “desafiante”.
Filipe sublinhou que a preocupação com o emprego continua a ocupar a agenda do Governo, mas admitiu que a reversão deste quadro depende fortemente da saúde económica do país.
De acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), a taxa de desemprego na população com 15 ou mais anos foi estimada em 32,4 por cento no primeiro trimestre, sendo mais elevada entre as mulheres (31,4 por cento) do que entre os homens (33,4 por cento), uma diferença de dois pontos percentuais.
Mesmo com esta taxa de desemprego “ainda elevada”, Pedro Filipe destacou que é semelhante à de outros países da região austral e do continente africano em geral.
O Governo tem implementado várias medidas para fomentar a empregabilidade, incluindo o arranque do Fundo Nacional do Emprego (Funea), previsto para o próximo dia 6 de Agosto.
O Funea, com um valor total de 27 mil milhões de kwanzas, será capitalizado pelo Orçamento Geral do Estado e pelo Instituto Nacional de Segurança Social (INSS). Na primeira fase, está previsto o desembolso de 10 mil milhões de kwanzas.
Pedro Filipe enfatizou que este fundo visa dinamizar a formação profissional, o empreendedorismo e o fomento ao emprego.
No entanto, apesar do crescimento económico de 4,6 por cento no primeiro trimestre, a vida dos angolanos não tem acompanhado este progresso. Com o aumento dos preços e a dificuldade de acesso a bens essenciais, muitas famílias continuam a lutar para sobreviver.
Enquanto o Governo celebra os números de emprego, a realidade no terreno pinta um quadro bem diferente, onde muitos angolanos continuam a enfrentar uma batalha diária para garantir sustento e segurança para as suas famílias.