Relação Angola vs EUA: Que haja patriotismo e sentido de Estado na gestão racional do “investimento” norte-americano
OPINIÃO
Luís de Castro/ activista e Presidente do Njango Cultural
A histórica visita do PR João Lourenço aos EUA ainda continua a fazer eco entre os angolanos, a julgar pela “retumbante conquista” da diplomacia do governo Lourencista, abafando por completo a viagem, a posterior, de J’Lo ao Dubai, nos Emiratos Árabes Unidos, onde participou na COP28.
Independentemente das exigências das empresas de lobby internacional para “fortalecer os laços com os EUA”, a recepção apoteótica de J’Lo na Casa Branca constituiu a maior victória da diplomacia angolana.
Diplomacia é entendida como a ciência que trata das relações mutuamente vantajosas entre Estados. O facto de um Presidente angolano ter conseguido “desfilar” no tapete vermelho da Sala Oval da Casa Branca, demonstra, claramente, a adopção de um instrumento típico da política externa dos países, que se baseia em manter equilibradas as relações entre os Estados soberanos.
O encontro entre João Lourenço e Joe Biden, na residência oficial do Presidente mais influente do mundo, trouxe à tona a “arte do possivel”, assente em consensos, numa relação “ganha-ganha” para satisfazer o interesse das duas partes.
Como “não há almoços gratis”, certamente que o sorriso radiante de Biden, antes, durante e no final do encontro, representa ganhos económicos para os americanos. A Administração Biden procura a todo custo ter uma “fatia” significativa, na divisão do bolo, historicamente dominada pela Rússia, e que nas duas últimas décadas conta com o novo player, a China. Os americanos partem para o “casamento” com a lição bem estudada, com olhos postos na geopolítica e/ou potencialidades económicas do território nacional.
Os comentários e analogias “desfavoráveis” ao meeting Biden vs Lourenço apontam que o PR J’Lo hipotecou o país e as futuras gerações. Contudo, é importante destacar que não se trata apenas de acordos que a favor dos EUA, mas sim, uma nova página nas relações bilaterais, bem como uma janela de oportunidades para Angola e para os angolanos, obviamente, desde que se faça uma utilização racional do “investimento” norte-americano, resultante dos eventuais parcerias.
Aliás, a dívida contraída à China, há duas décadas, veio demonstrar falta de patriotismo e sentido de Estado dos subsescritores angolanos, que olharam apenas para os seus umbigos, iludindo os cidadãos com obras descartáveis com orçamentos fraudulentos.
Criticar apenas por criticar não resolve os problemas gritantes que assolam os angolanos. Ademais, Angola não seria o primeiro país a abraçar uma parceria com uma superpotência mundial. Basta olhar para o retrovisor para lembrar da “eterna” relação Angola e Rússia, que certamente, acreditamos que os acordos rubricado com os EUA não belisca a amizade entre os dois Estados.
Diz a velha máxima que, “em política não há amizades, mas sim interesses”. Portanto, auguramos que o Estadista angolano tenha colocado em primeiro lugar os interesses da população, com reflexos na atracção de investimentos estrangeiros para diversificar efectiva da economia angolana, bem como na defesa do integridade e segurança nacional.
Por outro lado, fazemos apologia que o EUA consiga influenciar, decisivamente, para que o PR João Lourenço anuncie a realização das eleições autárquicas, que promove a autonomia efectiva do poder judicial, democratização das instituições públicas e liberdade de imprensa.