Presidente da África do Sul apresenta BRICS como alternativa para o continente
As oportunidades geradas pela associação entre o Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (BRICS), o bloco que agrega as economias mais dinâmicas do mundo, têm impacto sobre o continente africano, declarou, ontem, o Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa.
O líder sul-africano, que falava na abertura da 15ª Cimeira dos BRICS, depois do Fórum Empresarial do bloco, sublinhou que existem, igualmente, oportunidades de crescimento nos cinco países-membros.
Na sua intervenção, diante do Presidente do Brasil, Lula da Silva, do Primeiro-Ministro da Índia, Narendra Modi, do ministro do Comércio da China, Wang Wentao, e da presidente do Novo Banco de Desenvolvimento, Dilma Rousseff, Cyril Ramaphosa, indicou que o volume de transacções comerciais nos países dos BRICS ascendeu a 162 mil milhões de dólares no passado, e o investimento estrangeiro quadruplicou.
Durante a sua intervenção, defendeu, também, uma reforma essencial das instituições a nível das finanças do mundo, no quadro da expansão dos BRICS. Para Cyril Ramaphosa, a “família BRICS” está a crescer em importância e relevância mundial, assim como confirma a necessidade de uma nova arquitectura na geopolítica internacional.
O Presidente da África do Sul apresentou o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD, braço financeiro dos BRICS), como uma “boa alternativa” a outras instituições financeiras. A corporação multilateral, criada pelos membros dos BRICS em 2015, tem financiado projectos na África do Sul no valor de cerca de 100 mil milhões de dólares, em sectores como estradas, água e energia.
Tecnologia brasileira
O Presidente do Brasil, Lula da Silva, considerou, ontem, em Joanesburgo, a constituição da Zona de Comércio Livre Continental Africana como “ambicioso projecto”, ao intervir no Fórum de Negócios dos BRICS.
Lula da Silva citou estatísticas a afirmarem que o continente africano, que é o mais jovem do mundo, será o mais populoso em 2100, com várias oportunidades para produtos brasileiros, como alimentos e bebidas, petróleo, minério de ferro, viaturas e produtos transformados de ferro e aço.
O estadista brasileiro lamentou que o comércio entre a África e o Brasil tenha caído “consideravelmente” desde 2013, mas declarou que o Brasil está a regressar ao continente, onde nunca se deveria ter afastado.
Nesse regresso, avançou o Presidente Lula da Silva, a proposta brasileira recai sobre a inovação agrícola, a qual disse poder ser replicada em todo o continente africano.
O Presidente brasileiro declarou, em nome do bloco, que a cimeira representa uma solução para os sistemas financeiros globais, por associar países que representam economias que superaram o G7 (o grupo de países apresentados como mais ricos do mundo), ao mesmo tempo que constituem 32 por cento do Produto Interno Bruto mundial.
Os países industrializados devem desacelerar o crescimento de 2,7 por cento, em 2022, para 1,4, em 2024, sendo o crescimento previsto para os países em desenvolvimento de 4,00 por cento este ano e em 2024, indicou o Presidente Lula da Silva, citando dados do Fundo Monetário Internacional.
Reformas decisivas
Essas expectativas, acrescentou o Primeiro-Ministro da Índia, Narendra Modi, ao intervir na abertura da cimeira, tornam-se possíveis a despeito do crescimento, um desempenho conseguido pelo seu país à custa de reformas que transformaram calamidades e tempos difíceis.
O Primeiro-Ministro indiano disse que a Índia é das economias que mais crescem no mundo, mercê das mudanças rápidas que estão a acontecer naquele país, sobretudo, ligadas às infra-estruturas ferroviárias, aéreas e rodoviárias, incluindo o aumento do número de aeroportos, o qual duplicou nos últimos anos.
Em relação à economia verde, Narendra Modi salientou que a Índia está entre os líderes mundiais na área das energias renováveis.
Na sua intervenção, lembrou que, em 2009, quando foi realizada a 1ª Cimeira dos BRICS, na Rússia, o mundo estava a sair de uma crise económica. “Naquela altura, os BRICS emergiram como um raio de esperança para a economia mundial”, salientou o líder indiano.
Futuro partilhado
Por seu turno, o Presidente da China, Xi Jinping, disse que o seu país continua comprometido com um futuro partilhado com os países do Sul Global, através de uma mensagem proferida pelo ministro do Comércio chinês, Wang Wentao.
A China, reafirmou, continua comprometida com um futuro partilhado com os países do Sul Global. “Estamos firmemente do lado certo da história”, disse no final do Fórum empresarial dos BRICS, que antecedeu a 15ª Cimeira de Chefes de Estado e de Governo dos BRICS, que encerra amanhã.
Fornecedores confiáveis
Por sua vez, o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, admitiu que a Rússia é a favor do estabelecimento de uma cooperação mais estreita no âmbito dos BRICS para o fornecimento confiável e ininterrupto de energia e recursos alimentares aos mercados mundiais.
No seu discurso por videoconferência, durante a Cimeira dos BRICS, Vladimir Putin defendeu mais cooperação, a fim de garantir ao mundo o fornecimento de alimentos e recursos energéticos.
Lembrou que a Rússia está a aumentar o fornecimento de combustíveis, produtos agrícolas e fertilizantes aos países do Sul Global e contribui para fortalecer a segurança alimentar e energética global e combater a pobreza e a fome nos países mais necessitados.
Ministro de Estado desenvolve intensa agenda
As oportunidades de negócios em Angola e na África do Sul dominaram, ontem, na cidade de Joanesburgo, um encontro entre o ministro de Estado para a Coordenação Económica, José de Lima Massano, com empresários e organizações sul-africanas ligados aos sectores da Agricultura, Indústria Farmacêutica, Automóvel, entre outros.
O encontro entre o ministro de Estado para a Coordenação Económica e os empresários sul-africanos, que fazem parte do Conselho Empresarial dos BRICS (CEBRICS), aconteceu à margem do Fórum de Negócios da Cimeira de países emergentes.
O Conselho Empresarial dos BRICS é composto por grandes empresas ligadas aos sectores do Agronegócio, Economia Digital, Serviços Financeiros, Manufactura e Infra-estruturas. A organização foi criada em 2013, durante a V Cimeira dos BRICS e reúne cinco países, nomeadamente Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
O CEBRICS tem a missão de indicar aos Governos dos cinco países emergentes temas estratégicos para a melhoria do ambiente de negócios. O objectivo é fortalecer, também, os laços económicos, comerciais, de negócios e investimentos entre os países dos BRICS, assegurar o diálogo constante entre as comunidades empresariais e os Governos e identificar os problemas no âmbito de comércio e investimentos.
O ministro de Estado chefia, desde segunda-feira, uma delegação angolano à 15ª Cimeira dos BRICS, um encontro que iniciou, ontem, na capital económica sul-africana , devendo manter hoje encontros bilaterais com delegações da Palestina e da Bielorrússia.