Papa Francisco pede desculpas aos gays católicos. “Quem sou eu para julgar os homossexuais?”

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As mensagens do Papa Francisco sobre a comunidade homossexual podem parecer contraditórias. É a prova de que existem pressões em sentidos diferentes dentro da própria Igreja. Aqueles que são homossexuais e católicos desculpam o “momento infeliz”. Daqui em diante, é com ações que o líder da Igreja Católica tem de provar o caminho que quer traçar


A palavra usada pelo Papa Francisco caiu como um raio na opinião pública. O líder da Igreja Católica, entretanto, pediu desculpas e garantiu que não queria ofender. Contudo, entre aqueles que são católicos e homossexuais, este episódio deixa “mágoa”.

Os católicos assumidamente homossexuais ouvidos pela CNN Portugal consideram que o Papa Francisco não teve intenção de ofender – uma posição partilhada por um especialista em Ciência das Religiões. Todos concordam que o que aconteceu evidencia as pressões sentidas dentro do Vaticano sobre esta matéria.

“É dar uma no cravo, outra na ferradura”, resume Aníbal Neves, porta-voz do movimento CaDiv-Caminhar na Diversidade. As declarações de Francisco, classifica, foram sentidas como um “retrocesso”. Mas encontra uma explicação: “O Papa dá um bombom à cúria romana para se calar. E depois segue com a sua agenda.”

No mesmo sentido segue José Brissos-Lino, especialista em Ciência das Religiões, ao explicar que “o Papa é um vértice de uma pirâmide, a Igreja Católica, com forças muito contraditórias entre si”. Os outros vértices são aqueles que “concordam com a abertura que ele tem vindo a dar” e aqueles que se opõem a esse caminho.

Brissos-Lino aponta o “lóbi gay no Vaticano” como uma das “pressões” que o Papa Francisco tem de gerir e insiste que o líder da Igreja Católica tem tido “uma linha de coerência” na sua mensagem em relação à comunidade homossexual.

Um erro na escolha da palavra, dada as origens argentinas do Papa, é visto como uma possível justificação para o que se passou. “Acredito que tenha havido qualquer problema. Não estou a ver o Papa, quando tem tido várias intervenções públicas de uma certa abertura para os homossexuais, agora a querer insultá-los.”

s “avanços e recuos” de Francisco

Se têm sido muitas as vezes em que o Papa Francisco tem mostrado esta “abertura”. “Quem sou eu para julgar os homossexuais” questionou em julho do ano passado. No mês seguinte, em Lisboa, na Jornada Mundial da Juventude, insistia que a Igreja é para “ todos”. Já na viragem do ano, viria a defender a bênção a casais do mesmo sexo.

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