OS ATONGOKO DO GANGSTA: Não se proíbe alguém que depende da luta diária para sobreviver

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OPINIÃO

ISIDRO KANGANDJO/Jornalista e CEO do Factos Diários


 Para quem vive em Angola, sabe claramente que a desgraça que o governo do MPLA nos atribuiu, exige cada um de nós lutar todos os dias para que consigamos, no final da tarde, meio quilo de arroz, um reco de óleo e um peixe lambula deteriorado para enganar o estomago dos kandegues durante a noite.

Quando apreciei os vídeos de Nélson Adelino Dembo, com o nome artístico de Gangsta, que alerta as pessoas para não sair de casa, entendi logo que estamos diante de um visionário cego que, apesar da sua personalidade em defesa do bem-estar dos angolanos não quer acreditar que um dia de pausa de uma zungueira a família pode dormir com a fome, o Taxista pode não apresentar a conta completa, o motoqueiro pode perder a motorizada, os funcionários públicos e privados podem sofrer o desconto num salário já magro.

Particularmente aguardei que depois das eleições o activista e os seus colegas da batalha pudessem convocar uma manifestação para falar da ilegitimidade do Presidente João Lourenço, porém, foi preciso passar sete meses para o Gangsta entender que João Lourenço é ilegítimo? Porque só agora? Precisou de autorização de alguém? Qual é o interesse que se tem agora?

Todos somos feitos de virtudes e defeitos, e espero que o convite público não venha servir para o benefício próprio como já presenciamos com outros activistas que realizavam manifestações recebendo dinheiro nos laterais.

Os Angolanos não estão mais preparados para mais um dia de desgraça nos nossos pratos enquanto, se calhar, quem nos formulou o convite esteja com uma arca lotada de alimentação, um vinho de marca e um charuto ao lado. Se a ideia é tirar o MPLA no poder podemos o fazer com convicções próprias usando o poder constitucional.

Se porventura existe uma vontade de protesto, a rua seria ideal.

Seguir a bala para quem quer ficar “bala” com esta iniciativa talvez não conhece o seu EU.

O Angolano que sofre não sabe o que é feriado, para ele, todos os dias é mais um desafio para conseguir dar de comer aos seus filhos.

A revolução é também uma estratégia que precisa de tempo e consenso entre os influentes políticos de um país.

Quanto ninguém me garantir um pitéu de graça, deixa-me bumbar para eu não culpar o senhor do palácio.

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