Mais um golpe na imagem de Angola no exterior: Com o regresso à lista cinzenta do GAFI preço do saco de arroz pode custar até 45 mil kz

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Classificação internacional levanta temores de novos aumentos nos preços e isolamento financeiro que podem abalar a economia e pesar no bolso dos angolanos.


Por Feliciano Jacinto

Angola voltou a figurar na lista cinzenta do Grupo de Acção Financeira Internacional (GAFI) devido a falhas graves na luta contra o branqueamento de capitais e financiamento ao terrorismo. A avaliação internacional expõe a vulnerabilidade do sistema financeiro angolano, desencadeando preocupações sobre o impacto directo nas finanças públicas e nas vidas dos cidadãos. O risco de isolamento financeiro e de novas sanções ameaça encarecer produtos essenciais como o arroz, cujo preço do saco de 25 kg poderá atingir os 45 mil kwanzas.

A inclusão de Angola nesta lista significa que o país apresenta deficiências estratégicas no combate à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo, exigindo melhorias urgentes. Caso essas falhas não sejam corrigidas, Angola poderá ser transferida para a lista negra, cenário já vivido em 2010, durante o regime de José Eduardo dos Santos, e que resultou na suspensão de relações bancárias com o exterior. Essa situação alarmante coloca em dúvida a eficácia do combate à corrupção conduzido pela actual administração de João Lourenço, e evidencia um retrocesso nas políticas de transparência.

O impacto desta classificação atinge vários sectores. Em primeiro lugar, os bancos angolanos poderão enfrentar sérias restrições para efectuar transacções internacionais, complicando a importação de bens e afectando, directamente, a compra de produtos essenciais, como alimentos e medicamentos. Segundo analistas, tal cenário poderá desencadear um aumento significativo nos custos de importação, que, inevitavelmente, recairão sobre os consumidores.

A imagem de Angola no exterior também sofre um duro golpe, comprometendo a confiança de investidores e potenciais parceiros comerciais. “Estar na lista cinzenta do GAFI é como carregar um sinal de alerta para o mundo financeiro. Este estigma pode afastar os investidores estrangeiros e comprometer os esforços de crescimento económico,” explica um especialista do sector financeiro. A perda de credibilidade é um obstáculo significativo, num momento em que Angola depende do capital estrangeiro para diversificar a sua economia e reduzir a dependência do petróleo.

Outro impacto crítico refere-se ao acesso ao crédito internacional. Com o agravamento do risco associado a Angola, instituições financeiras globais poderão impor juros mais altos ou recusar concessões de crédito, limitando a capacidade do país de financiar projectos essenciais. Este cenário agrava a situação económica e pode impor um peso adicional sobre os cidadãos, já assoberbados pela inflação e pelos preços elevados de produtos básicos.

Com 17 critérios de avaliação que Angola deve cumprir para evitar uma eventual transição para a lista negra, o futuro financeiro do país encontra-se numa encruzilhada. Enquanto o governo enfrenta o desafio de recuperar a confiança internacional, os angolanos questionam-se sobre as consequências imediatas e a falta de soluções rápidas. A permanência de Angola na lista cinzenta pode tornar a vida dos cidadãos ainda mais árdua, num ambiente já marcado por dificuldades económicas.

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