Líderes mundiais adotam pacto global para o futuro: João Lourenço defende reformas no Conselho de Segurança da ONU
O Presidente da República de Angola, João Lourenço, intervém hoje na Cimeira do Futuro das Nações Unidas, em Nova Iorque, com um apelo claro à reforma do Conselho de Segurança, sublinhando a necessidade de uma representatividade global mais justa. A Cimeira, que reúne mais de 130 chefes de Estado e de Governo, pretende estabelecer um novo consenso internacional para enfrentar os principais desafios globais e delinear ações concretas para o futuro da humanidade.
Por Feliciano Jacinto
A intervenção de João Lourenço, marcada para esta manhã em Nova Iorque, coincide com a tarde em Angola, e ocorre num momento crucial da Cimeira do Futuro, que foi convocada pelo Secretário-Geral da ONU, António Guterres.
O encontro antecede o Debate de Alto Nível da 79ª Assembleia Geral da ONU e tem como foco a aceleração dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e a reforma de instituições como o Conselho de Segurança.
Na sua intervenção, João Lourenço deverá reiterar a posição de Angola, que defende a atribuição de assentos permanentes ao continente africano no Conselho de Segurança.
O Presidente tem sido uma voz ativa na defesa da reforma deste órgão, como demonstrou no seu discurso no Debate de Alto Nível da 78ª Assembleia Geral das Nações Unidas, no ano passado.
Na ocasião, Lourenço sublinhou a urgência de adaptar o Conselho às realidades contemporâneas, insistindo na revisão da sua composição, atualmente dominada pelos cinco membros permanentes — Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e China — com poder de veto.
Consenso de Ezulwini e Declaração de Sirte
Angola, alinhada com os consensos africanos, como o de Ezulwini e a Declaração de Sirte, reforça a necessidade de uma maior inclusão do continente africano nos processos de decisão global.
Para João Lourenço, o Conselho de Segurança precisa refletir as mudanças geopolíticas desde o final da Segunda Guerra Mundial e ser capaz de agir de forma mais eficaz no cumprimento das suas responsabilidades de manutenção da paz e da segurança internacional.
O Conselho de Segurança, composto por 15 membros, incluindo os cinco permanentes com poder de veto, tem o mandato de zelar pela paz mundial.
A adoção de uma resolução requer a aprovação de nove dos 15 membros, sendo que qualquer veto de um membro permanente bloqueia a sua aprovação.
Pacto Global para o Futuro.
No final da Cimeira, que encerra hoje, será adotado o “Pacto para o Futuro”, que traça as linhas de ação para enfrentar os desafios globais.
O pacto abrange áreas críticas, incluindo desenvolvimento sustentável, paz e segurança, inovação tecnológica e cooperação digital.
Este documento histórico visa não só restaurar a confiança no multilateralismo, mas também preparar o caminho para o futuro, tendo em conta as necessidades das gerações vindouras.
Angola está representada na Cimeira por uma delegação multissectorial, liderada pelo ministro de Estado para a Coordenação Económica, José de Lima Massano, e que inclui figuras como os ministros Téte António (Relações Exteriores), Vera Daves (Finanças), Ana Paula Chantre (Ambiente) e Mário Augusto (Telecomunicações).
O país reafirma o seu compromisso em contribuir para as discussões globais e desempenhar um papel ativo na transformação da governação mundial.
A participação de João Lourenço nesta cimeira sublinha a posição de Angola como um defensor firme de reformas estruturais que promovam uma maior justiça e equidade no cenário internacional.