Instruenda do Serviço de Emigração e Estrangeiros escreve ao Presidente da República esclarecendo alguns equívocos sobre o processo
A Instruída identificada pelo nome de Cláudia Mangango, que faz parte das duas mil e quinhentas mulheres no processo recentemente cancelado pelo novo Ministro do Interior, Manuel Homem, foi a única que teve a coragem de escrever ao Presidente da República de Angola, no sentido de esclarecer alguns equívocos a este novo processo, onde os mesmos passam por torturas psicológicas e discursos que confirmam “agora é a nossa vez”.
REDAÇÃO DO FACTOS DIÁRIOS
A carta a que o Factos Diários teve acesso a instante, reafirma que “a vontade do Ministro do Interior e Director Geral do SME querer organizar é boa, mas está piorando o que já esteve bem. Os tais Agentes do SINSE que conduzem a tal entrevista aos Instruendos são tão arrogantes que não respeitam até os próprios Oficiais Comissários que também não sabem se impor”.
ACOMPANHA NA ÍNTEGRA A CARTA
À
SUA EXCELÊNCIA PRESIDENTE DA REPÚBLICA
ASSUNTO: NOTA DE RECLAMAÇÃO NO SME
Excelência!
Antes de tudo, gostaria de parabenizar à Sua Excelência Presidente da nossa amada República de Angola, pela recepção da ilustre visita do Excelentíssimo Presidente Joe Biden e a sua comitiva.
Excelência, o curso deu abertura no dia 30 de Abril de 2024, pelo Sr. Comissário de Migração João Fortunato Machado – Director Geral Adjunto do SME, em representação do então Director Geral, João António da Costa, ladeado pelos Membros do Conselho Consultivo do SME e Director Nacional de Saúde do MININT. O acto contou com a presença de mais de 2.500 instruendos do gênero Feminino.Tendo o mesmo acto, decorrido no Autódromo um mês depois, também com mais de 2500 instruendos do gênero masculino. Totalizando pouco mais de 5.500 instruendos.
Excelência, estamos há sete meses de formação submetidos a condições precárias, desde as aulas teóricas e não só. As provas são feitas sob joelhos, incluindo o teste de recadastramento também. Como exigir a boa grafia nestas condições?
Excelência, nós concordamos que se faça triagem. Mas não concordamos com as informações segundo as quais “há no curso instruendos estrangeiros.” Talvez seja esta a forma que a Direcção actual achou para desacreditar e destilar o ódio a Direcção cessante do SME, bem como do Sr. Eugênio César Laborinho, ex- Ministro do Interior.
Excelência, sete meses é tempo suficiente para nos conhecermos. É uma pena que somente o SINSE sabe dos estrangeiros que lá estão recrutando. Nós não os conhecemos!
O que realmente há, são angolanos com nomes de origem estrangeiros. A título de Exemplo, Excelência, a Directora de Recursos Humanos do SME tem o sobrenome estrangeiro: Abdraman, por estar casada com um estrangeiro. Isso significa que ela é estrangeira. É o caso! Porém, a ser verdade, deve ser caso para a PGR investigar, pois, o SME não trata Bilhetes de Identidade.
SOBRE O RECADASTRAMENTO!
Excelência, a vontade do Sr. Ministro do Interior e Director Geral do SME querer organizar é boa, mas está piorando o que já esteve bem.
Os tais Agentes do SINSE que conduzem a tal entrevista aos Instruendos são tão arrogantes que não respeitam até os próprios oficiais comissários que também não sabem se impor.
Isso só ocorre porque o Sr. Presidente os orientou que mesmo sendo civis “para não temerem a farda.” Excelência, esta afirmação é bastante perigosa. E os comissários do SME que são covardes ou judas, a ponto de atirarem toda area ao Sr. Director Geral cessante. Eles afirmam que desconhecem os meandros deste todo o processo de ingresso. Quando na verdade muitos deles têm filhos ou parentes neste curso. Estes comissários, hoje só veneram o actual Director e preocupados com os seus postos de chefia. Infelizmente, alguns deles querem demissão por tere. Sidos solicitado a apresetarem declaração de bens, no âmbito da Lei da Probidade Pública. Estão com cadeiras quentes andando de quimbanda em quimbanda e de pastor a pastor pedindo força.
As perguntas [desnecessárias] que os tais Agentes do SINSE fazem, seguem abaixo:
1- Quem te meteu aqui? quando responderes, vem a outra a seguir:
2- Qual é o seu grau parentesco com o tal?
3- Você conhece a Sra. Teodorca, Sr. Ex. Ministro Laborinho, Sr. Froz, Sr. José Alberto e o ex-Director do SME?
4- Conheces ou sabes se quantas pessoas entraram em nome destes Senhores?
5- Quantos irmãos sois aqui no curso?
6- Pagou?
7- Achas que o recrutamento do SME foi bem feito?
Excelência!
Eles querem nos passar o sentimento de revolta contra os senhores acima. E esta tática, somente visa expor as várias entidades de renome neste País que de forma honesta e responsável, trabalham para o desenvolvimento de Angola, por terem familiares neste curso. Algumas destas figuras são: políticos, oficiais Generais e Comissários e entidades religiosas, incluindo a Presidente da Assembleia Nacional, Ministros de Estados e Chefes da Casa Militar e Civil, bem como do Director de Gabinete do PR e outros.
Infelizmente, a exposição das entidades passa a ideia de que houve nepotismo, amiguismo e favoritismo, quando na verdade, não ouve concurso publico como tal. Sabe-se que em todo MININT, o ingresso foi selectivo. Tal ocorreu na PN, SIC, SPCB e SP.
Felizmente, tanto o actual Ministro e Director do SME, ambos têm familiares neste curso do SME. Também os perguntamos se por que via estes seus familiares entraram no curso do SME?
Durante as entrevistas, há aqueles que se identificam como tendo vindo da parte de figuras de proa do Partido MPLA. Para estes, a forma de tratamento é: ” Você é dos nossos.” Meu Deus, que absurdo!
Excelência, está claro que os alvos do SINSE são os Senhores Laborinho, João da Costa, Teodorca, Froz Adão e José Alberto Manuel. Mais importa dizer que os Senhores estão agindo pelo jogo mais baixo. Não é elegante esta firm de agir! Fica muito mal ver pessoas do mesmo partido se perseguirem. Isso até ajuda a dispersar o eleitorado! É como se diz: “o porco não deve caçar o javalis. São da mesma família.”
Os cargos passam. Mas a medida com que medimos os outros será igual ou pior ao que serão tratados amanhã.
Dizia o Dr. Sérgio Raimungo: “Os fracos de ontem são os fortes de hoje. Os fortes de hoje são os fracos de amanhã.”
O Sr. Ministro ainda não sabe que dirige um Ministerio apartidário? Porque apareceu com as cores do Partido MPLA nas atividades Políticas de massa realizada sábado?
É desta forma que o processo de entrevista está viciado. A maioria dos jovens recrutas vieram em nome destes senhores do partido e de entidades singulares do governo, Ministérios da Defesa e do Interior.
Excelência, socorro-me das palavras do antigo Comandante Geral da PN, Paulo de Almeida, quando dizia: “Sobre o que se passa no SME, passa-se também em todos os órgãos do MININT.” Eu acrescento: passa-se também em toda máquina do Aparelho do Estado.
Até mesmo o actual Ministro quando era governador de Luanda, os fiscais das administrações municipais e distritais são dos mais corruptos. Basta ver as obras erguidas por toda Luanda e arredores sem licença de construção, mas bem asseguradas pelos fiscais das administrações.
Excelência, dizem que só há vagas para 1.800 instruendos. Isso ai não é verdade! Se isso for verdade, por que via o Sr. Ministro e Director cessante do SME excederam o número de Instruendos?
Como foi que conseguiram fardamento de instrução para mais de 5000 estuendos?
Como foi que construíram naves para acolher 3000 rapazes no outódromo?
Porque via o curso haveria de encerrar no dia 8 de Novembro e adiado para dia 28 de Novembro?
Como pagariam salários a esta gente toda?
Toda esta programação teria sido concluída se o Sr. Ministro Laborinho não tivesse sido exonerado.
Excelência, os Senhores Ministro e Director do SME devem ser mais humildes, para chamarem a equipa cessante, a fim de os esclarecerem sobre os meandros deste processo. É normal, nao devem fugir aos diálogo, se escondendo em perfis falsos no facebook, criados pelo SINSE. Dialogando, talvez eles ajudem a direcção actual a saírem desta crise de incompetência.
Como ficam os instruendos?
Como fica o desgaste físico, psicológico e material dos instruendos?
Como fica o brilhante trabalho dos instrutores?
Como fica os postos de trabalho que já se perderam por conta desta formação?
Como os instruendos irão passar o Natal juntos dos seus filhos sem salário?
Excelência, nem todos que estão neste curso são filhinhos de entidades! Outros são pacatos cidadãos. Passam necessidades. Por favor, haja sensibilidade na análise deste processo. Nada de agir por vinganças.
Somos todos angolanos, não pedimos para nascer nesta terra. Tratem-nos com dignidade.
Att.: Instruenda – Cláudia Mangango.