Governo de João Lourenço aplica de forma clandestina pena de morte. Efetivos do Ministério do Interior matam a tiro até 10 pessoas na semana
Apesar do país ter abolido pela legislação de 1992 a pena de morte, Luanda continua a registar vários corpos abandonados nas matas e lixeiras, todos mortos a tiros onde todas as testemunhas apontam presença do Serviço de Investigação Criminal, um órgão ligado ao Ministério do Interior sob comando de Eugénio César Laborinho.
Por Isidro Kangandjo
Desde que o Presidente da República de Angola João Manuel Gonçalves Lourenço tomou o poder em Setembro de 2017, o país voltou a registar banho de sangue sem, no entanto, alguém vir ao público para esclarecer o que leva a entender que tudo que tem acontecido tem o apadrinhamento de várias entidades do país sobretudo do órgão que vela pela segurança do povo nas comunidades, a Polícia Nacional.
De tantos massacres que o Factos Diários tem registado nos municípios de Cacuaco, Viana, Icolo e Bengo e Belas, trouxemos aqui dois casos recentes que resultaram na morte de 8 pessoas em menos de cinco dias.
Na manhã de sexta-feira, 19 de Julho, foram encontrados nas imediações dos bairros kingongo e bairro 56 na comuna de Cabiri, município do Icolo e Bengo catete, quatro corpos na qual três são jovens e o quarto é menor de idade.
Apesar de completar até o momento 4 dias, nenhum órgão do Ministério do Interior se pronunciou sobre o assunto, porém, não é a primeira vez que o Icolo e Bengo regista este massacre clandestino, no mês de Abril foi encontrado também 7 mortos um caso até aqui não esclarecido.
Este domingo, 21, o Distrito Urbano 11 de Novembro, município do Cazenga bairro Kawelele, foi registada a exposição de 4 cadáveres depositados ao relento por elementos não identificados carregados num carro Land Cruiser.
“Sabemos que não existe pena de morte no país, mas os bandidos também matam sem piedade quando entram na residência alheia, porém é necessário que a lei seja cumprida onde os culpados sejam julgados e condenados com a pena máxima”, disse o músico de intervenção social Amoroso Crítico que também questiona “para onde vamos nós com a proliferação de bandidos e suposta morte dos mesmos, sem, no entanto, merecerem um julgamento justo?”
DESDE 2016 DEPUTADOS DO MPLA SEMPRE DEFENDERAM A PENA DE MORTE
Várias figuras do MPLA, a maior força política em Angola, sempre defenderam a introdução da pena de morte. Em janeiro de 2016, Luzia Inglês, a então secretária-geral da OMA, a organização feminina do partido no poder, já tinha defendido esta sentença para crimes sexuais.
Dois anos depois, isso em 2018, Monteiro Pinto Kapunga, deputado do MPLA em memória, volta a defender a pena capital, para quem cometer crimes violentos.
Os ecos do partido que influência o poder político angolano na criação da lei que aprova a pena de morte é sem dúvidas que no ponto de vista prático as mortes são visíveis onde vários supostos meliantes são mortos sem antes passarem a um julgamento.