Governador acusado de proteger administradores envolvidos na “máfia” de terrenos em Luanda
A expropriação de terras na cidade de Luanda continua a ser a “mina de ouro” das autoridades locais, a vários níveis.
Por Luís de Castro
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Administradores municipais e autoridades das forças de defesa e segurança alimentam um dos maiores negócios na velha “Kianda”, que tem permitido o enriquecimento milagroso dos maestros de esbulho de terra, sob o olhar impávido e sereno do governador da província de Luanda.
Estamos diante de uma pratica corrente que já criou tentáculos. A esperança em Manuel como o “Homem” que iria combater esta conduta errada dos seus auxiliares na província parece ser moribunda.
Aliás, cogita-se no palácio da Mutamba de um certo protecionismo que o Governador já entrou na “roda dentada” e é, hoje, o “Homem” que protege alguns administradores envolvidos na “máfia” de terrenos, por serem guardiões dos seus interesses. Os casos mais flagrantes são as denúncias sobre a expropriação de terras no Talatona, onde as autoridades fazem ouvidos de mercadores.
Continuam as velhas práticas na cidade de Luanda apadrinhadas por figuras de proa dos órgãos de defesa e segurança que deveriam posicionar-se como reserva moral do Estado Angolano.
Uma das consequências das acções dos “esbulhadores” de terra a desocupação forçada de camponeses e/ou destruição de pequenos aglomerados populacionais, sem no entanto, indemnizar os cidadãos visados muito menos realojar às vítimas, dando azo a conflitos sociais.
Líderes comunitários e organizações não-governamentais, tais como a ONG Rede Terra Angola e a SOS Habitat fartam-se de denunciar junto das entidades de direito, mas nada acontece porque o jogado é dono da bola, é o árbitro e também dirige o Vídeo-árbitro (VAR).
Para satisfazer os apetites por terra, os “homens” do “Homem” escudam-se na Lei de expropriação de terra, a pretexto de que o propósito é, simplesmente, “a prossecução de um interesse com utilidade pública e mediante justa e pronta indemnização”.
Um discurso para boi dormir, que continua a engordar os bolsos de administradores municipais e altas patentes das forças castrense, e deixa sem terra, nem tecto, milhares de cidadãos na capital do país.