ESCRATURA LABORAL: Estivadores das empresas ARONDS E W.C.S ameaçam paralisar trabalhos devido aos baixos salários

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As empresas de gestão de estiva, DP World, Aronds e W.C.S, que actuam no Porto de Luanda, são acusadas pelos seus respectivos funcionários de praticar salários miseráveis e de não proporcionar as melhores condições de saúde e segurança aos profissionais.


Por redação do Factos Diários

Numa carta anónima escrita pelos estivadores das empresas acima citadas, a que o portal Factos Diários teve acesso, os trabalhadores protestam os baixos salários e ameaçam paralisar os trabalhos, caso as direcções da Aronds e da W.C.S não satisfaça as exigências de melhores condições salariais e de trabalho.

Na mesma missiva, o colectivo de estivadores, responsáveis pelo processo de carga e descarga de alimentos, medicamentos, materiais petrolíferos e outros, nos terminais portuários, chamam a atenção da entidade patronal sobre a “necessidade de uma política sobre a segurança, higiene e saúde dos trabalhadores, ambiente de trabalho, fundamental em princípios internacionalmente aceites, designadamente os da convenção n:155 e uma recomendação n:164, sobre os riscos iminentes ao meio ambiente de trabalho”.

A materialização da referida política, segundo ainda os estivadores, é feita através de um sistema de segurança, higiene e saúde no local de trabalho, que abrange todas as esferas de acção nesta área. Entre as várias reclamações feitas pelos estivadores afecto às empresas Aronds e W.C.S destacam-se a ausência de um salário base; falta de uma alimentação adequada (ou subsídio de alimentação) e falta de transparência da direcção perante os trabalhadores. Dada a gravidade da situação, os estivadores pedem a ajuda das autoridades, do Governo, das associações de defesa da classe e da sociedade civil, porque sentem-se abandonados e humilhados.

Denunciam, ainda, a morte de um funcionário, na sequência das precárias condições salariais, a morte teria alegadamente resultado do facto de o malogrado ter encontrado apenas 4 mil kwanzas na sua conta, tendo acabado por suicidar-se. Um profissional de estiva, que solicitou o anonimato, contou ao Factos Diários-FD que os salários praticados são uma miséria e têm reduzido a medida que passam os meses.

“Tínhamos uma remuneração razoável. Não era muito, mas já dava para alguma coisa. Esperávamos ver melhorado. Com estes salários como vamos sobreviver ou alimentar as nossas famílias e tratar da doença dos filhos e pagar a escola deles. Trabalhamos dia e noite. O nosso trabalho é pesado. Há colegas que vivem em casa arrendada. Pedimos ao camarada Presidente que nos ajude, por favor, estamos a morrer”, rogou o estivador, visivelmente agastado.

Segundo ele, desde que existe os serviços de estiva, nunca houve o registo de greve no Porto de Luanda, mas no passado dia 7 do mês em curso, um grupo de técnicos estivadores da Aronds e W.C.S decidiu paralisar os trabalhos durante algumas horas, no terminal da DP Word, em protesto aos baixos salários. “Por isso é que alguns países da América e Europa têm sempre greve.

A nossa realidade foi sempre razoável, mas nos últimos tempos a situação complicou-se”, acrescentou o estivador.

Para confrontar a informação, procuramos manter um contacto com as empresas visadas na carta anónima e a Associação dos Operadores de Estiva e Serviços Portuários, mas as tentativas redundaram em fracasso.

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