EM CABINDA: Funerais são realizados sem qualquer documento

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Cabinda vive uma crise silenciosa: 80% dos óbitos não são registados.


Por Marina do Rosário

O delegado da Justiça em Cabinda, Maximiano da Cruz, manifestou-se profundamente alarmado com a escalada de funerais clandestinos nos municípios de Cacongo, Buco-Zau e Belize, onde um chocante número de óbitos não é oficialmente reportado.

Durante um discurso no final da semana passada, Maximiano da Cruz destacou que cerca de 80% dos falecimentos nestes municípios escapam ao conhecimento das autoridades judiciais. Entre Janeiro e Junho deste ano, foram registadas apenas 15 mortes em Belize, 39 em Cacongo e 90 em Buco-Zau, números que contrastam com a realidade demográfica destas regiões.

“É incompreensível que localidades com uma elevada densidade populacional apresentem números tão baixos de registos de óbitos”, afirmou o delegado. Maximiano da Cruz atribui esta situação à ignorância de muitas famílias e à proliferação de cemitérios clandestinos nas áreas afectadas.

Em comparação, no município de Cabinda foram registados 874 óbitos no primeiro semestre de 2024, evidenciando um maior cumprimento do processo formal de registo de mortes.

Para combater esta problemática, a Delegação Provincial da Justiça tem intensificado a promoção de seminários e campanhas de sensibilização, com o intuito de educar a população sobre os procedimentos de registo de óbitos e as consequências legais da ausência do boletim de óbito.

O delegado salientou ainda os esforços do Executivo na identificação das vítimas dos conflitos políticos no país, permitindo que as famílias afectadas possam finalmente registar as mortes dos seus entes queridos e obter os devidos documentos oficiais. “Este é um trabalho crucial para garantir que todas as mortes sejam devidamente registadas e reconhecidas”, concluiu Maximiano da Cruz.

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