COVID-19 Máfia no Ministério da Saúde pode engolir mais de 3 mil milhões kwanzas dos médicos voluntários
Mais de sete mil profissionais de saúde que participaram de forma voluntária no Combate à COVID-19, podem ficar sem dinheiro do prémio para recompensar os riscos e o tempo que ficaram longe da família.
Por Afonso Eduardo
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O Factos Diários, foi informado através de fontes oficiais de que, cada técnico de saúde, médico, enfermeiro, maqueiro e outros auxiliares, poderiam receber como recompensa em kwanza 500.000,00. Porém, desde o processo de cadastramento, contam a fonte, tudo está ser feito de forma clandestina deixando a maioria de fora.
Exemplo concreto está no hospital Maria Pia, que, no universo de mais de 400 técnicos de saúde voluntários, apenas 60 foram cadastrados e, nesta lista, contam a fonte, consta inclusive elementos que nunca participaram. No hospital Américo Boavida, dos 387 voluntários, apenas 100 foram cadastrados.
Os técnicos de saúde estacados nos centros de acolhimento de hospitais do Calumbo, Zona Económica Especial-ZEE e na Barra do Dande, são obrigados a pagar uma comissão de 100 mil kwanzas para os seus nomes constar na lista dos beneficiários dos quinhentos mil kwanzas, valor este disponibilizado pelo governo angolano através da parceira com a Organização Mundial da Saúde-OMS.
Segundo o Sindicato Nacional dos Médicos de Angola (SINMEA), até em Outubro de 2020, o país perdeu sete médicos vítimas do novo coronavírus. Em Junho de 2021, foi registado mais 10 profissionais vítimas da COVID.
No dia 12 de Fevereiro de 2021, a representante da OMS em Angola, Dra. Djamila Cabral reiterou a disponibilidade desta organização em continuar a apoiar os esforços de Angola para o combate à Covid-19, assim como para responder aos principais problemas de saúde que continuam afectar às populações angolanas.
Este compromisso foi manifestado durante um encontro mantido com o antigo Ministro de Estado e Chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, General Pedro Sebastião, na altura, na qualidade de Coordenador da Comissão Interministerial para a Prevenção e Combate à Covid-19.
De acordo com as fontes, os principais implicados no processo, constam Manuel Varela, um grupo supostamente liderado por Ministrada da Saúde e de Leonardo Europeu Inocêncio.
SINDICALISTA DOS MÉDICOS PEDE O TRATAMENTO IGUAL PARA TODOS
Em uma entrevista telefónica com o Sindicalista provincial de Luanda do Sindicato Nacional dos Médicos de Angola (SINMEA), Miguel Sebastião, fez saber ao Factos Diários que todo técnico de saúde esteve sempre em risco em ser contaminados pela covid-19, uma vez que, 85% de pessoas com a COVID foram assintomáticos e acrescenta que “o Executivo deu dinheiro a todos os técnicos de saúde, aqueles que participaram de forma direita ou indireita”.
ESQUEMA E A SOLICITAÇÃO DA INSPECÇÃO DA SAÚDE NOS HOSPITAIS PÚBLICOS
O Sindicalista, adianta que existe uma selecção esquisita por parte dos responsáveis dos hospitais. Direcções de hospitais estão o duplicar e triplicar subsídios, ou seja, uma única pessoa está receber duas e três vezes enquanto há pessoas que não receberam nada até ao momento.
Este esquema, conta o médico, acontece por uma questão de afinidade, camaradagem e não só, por esta razão, pede inspecção da saúde sair dos gabinete e ir aos hospitais no sentido de saber quais foram os critérios.
“Alguns trabalham no mesmo escritório e na mesma enfermaria, porém uns receberam e outros não. Não foi esclarecido o critério para que os valores sejam entregues aos técnicos. Sou de opinião que todos tivessem o mesmo direito porque todos participaram”, alertou.