Biden visita Angola a 14 de outubro
O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, vai visitar Angola no próximo dia 14 de outubro. A notícia apontando a data para a realização da visita foi avançada pelo Jornal Económico e confirmada pelo Negócios.
Esta será a primeira vez que um chefe de Estado norte-americano se desloca a este país. A viagem de Biden é uma vitória diplomática do presidente angolano, João Lourenço, que tem apostado numa trajetória de aproximação aos Estados Unidos.
Durante a visita que João Lourenço realizou aos Estados Unidos, em novembro do ano passado, Biden prometeu visitar Angola. A circunstância de ter desistido de uma recandidatura à Casa Branca fez com que o mês de outubro fosse, na prática, a única janela de oportunidade em plenitude de funções, para concretizar a promessa.
A viagem de Joe Biden posiciona Angola no centro da guerra fria entre os Estados Unidos e China que se tem vindo a intensificar no continente africano.
Tal como Negócios já tinha adiantado, nas últimas semanas João Lourenço já tinha dado sinais inequívocos que apontavam para uma aproximação a Washington. Primeiro, deu o dito por não dito e decidiu cancelar a viagem a Pequim onde devia participar no Fórum de Cooperação China – África (FOCAC) que decorreu entre 4 e 7 de setembro. Lourenço quebrou a promessa feita em março a Xi Jinping de marcar presença no evento e a opção deixou os chineses “furiosos” tal como Negócios noticiou na altura.
Depois disso, também este mês, Angola anunciou que vai receber, em 2025, a Cimeira de Negócios Estados Unidos-África. O entendimento que materializa a realização deste evento foi assinado por Agostinho Van-Dunem, embaixador de Angola nos EUA e Florizelle Liser, presidente do Corporate Council on Africa (CCA).
O cancelamento da viagem a Pequim por parte de João Lourenço, que exasperou Xi Jinping, e o consequente anúncio da visita de Biden a Angola, são dois factos que estão ligados entre si, sublinha ao Negócios fonte conhecedora do processo.
O posicionamento de Angola, com ator principal da guerra fria em curso entre os EUA e a China, dá-lhe também uma influência regional crescente e mostra a relevância geoestratégicas das cadeias de abastecimento. Os EUA apostam na reabilitação do Corredor do Lobito que ligará Angola, a República Democrática do Congo e a Zâmbia aos mercados globais.
“Este projeto inédito é o maior investimento ferroviário de sempre dos Estados Unidos em África e irá criar empregos e conectar mercados para as gerações vindouras” declarou Biden em novembro do ano passado, frisando tratar-se de um investimento superior a mil milhões de dólares (mais de 918 milhões de euros).
Para concorrer com o Corredor do Lobito a China fechou em setembro, no âmbito da FOCAC um financiamento à Zâmbia e Tanzânia destinado a reabilitar a linha ferroviária de Tazara, a qual liga o centro do primeiro país ao porto de Dar es Salaam, capital do segundo, numa extensão de aproximadamente 1.900 quilómetros. A recuperação desta ligação visa oferecer uma rota alternativa de transporte de carga para o cobre e o cobalto da Zâmbia através do oceano Índico, concorrendo com o Corredor do Lobito, que termina no Atlântico.
FONTE: Jornal de Negocios