Activista do Moxico aconselha JLO ler a obra “revolução dos bichos”

Activista cívico, Nelson Mucazo Euclides, aconselha o Presidente João Manuel Gonçalves Lourenço para ler a obra intitulado “Revolução dos Bichos” de George Orwell, numa alegoria a corrupção do poder na União Soviética comandada por seu líder, Josef Stalin.


Por Isidro Kangandjo

A obra narra a história do fazendeiro Jones (Pete Postlephwaite). Um homem beberrão e cruel que explora seus animais. Revoltados com seu proprietário, eles se organizam em seu lar. De posse da terra, os bichos passam a controlar o lugar, decretando uma série de novas regras.

Publicada em 1945, ao final da 2ª Guerra Mundial, a obra A Revolução dos Bichos é considerada um dos grandes clássicos da literatura mundial. Por meio de uma fábula, George Orwell (pseudônimo de Eric Arthur Blair) relaciona seus personagens e eventos à Revolução Russa de 1917 e faz duras críticas aos regimes totalitários da época e ao que considera a traição de Josef Stalin à causa bolchevista, prevendo ainda a queda do regime comunista e a dissolução da União Soviética.

O texto carregado de ironia e humor ácido, a princípio parece extravagante: o sonho de um velho porco de criar uma granja governada por animais, livre da exploração dos homens, começa a se concretizar com uma revolução. A acção ocorre na “Granja do Solar”, dirigida pelo Sr. Jones, quando no limite da fome e dos maltratos os animais se rebelam e expulsam Jones e seus homens. A narrativa segue com as transformações ocorridas na granja, chamada agora “Granja dos Bichos”, que passa a ser dirigida pelos bichos, comandados pelos dois porcos: Bola-de-Neve e Napoleão.

                                  Nelson Mucazo/Activista cívico

Os acontecimentos históricos e os paralelos entre os personagens do livro e a Revolução Russa são facilmente identificáveis: Major, o velho, sábio e respeitado porco, representa Karl Marx espalhando as sementes dos seus ideais igualitários entre os animais da granja. Bola-de-Neve e Napoleão lideram o levante dos bichos após a morte de Major. Napoleão, em uma clara representação de Stalin, é partidário do totalitarismo e não permite, a custa de força e opressão, nenhuma oposição a sua autoridade. Já Bola-de-Neve acaba por ter um destino análogo ao de Trótski, tornando-se o grande “inimigo da revolução”. Os cavalos, Sansão e Quitéria, representam o proletariado que sem acesso directo às informações, acreditam no que lhes diz Garganta, que por sua vez encarna o emblema dos sistemas de propaganda dos regimes de política centralizados e ditatoriais.

Embora George Orwell faça alusões diretas a uma época especifica em A Revolução dos Bichos, a fábula pode ser comparada com qualquer revolução onde os mais fracos tomam o poder sendo logo em seguida corrompidos por ele, com a prática de intervenções directas e inflexíveis pelos governantes e a apática ignorância de seus dominados. Considerado um grande escritor com uma visão lúcida sobre os movimentos sociais e o relacionamento do poder com os indivíduos, Orwell tentou chamar atenção para suas interpretações para a sociedade e seus processos. Militante socialista de convicções democráticas, conforme sua própria definição, o autor nos deixou uma referência indispensável para aqueles que desejam reflexões mais aprofundadas sobre o assunto.

Convido a nossa juventude para ler este livro e sugiro também ao senhor Presidente da República JLO a fazer o mesmo e depois juntos fazermos uma reflexão sobre o que foi escrito no livro e a realidade do nosso país. 

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