A MINHA ESCOLA E A ESCOLA DOS MEUS FILHOS

Faustino Moma Tchipesse

Professor, escritor e pesquisador.

OPINIÃO


Se “a escola assumir sua autoridade e confiar em sua competência, com certeza, saberá como agir diante das dificuldades que os estudantes apresentam”. Todavia, é fundamental a promoção de um ambiente saudável. E, se houver vínculo de confiança entre a família e a escola, não haverá necessidade de enviar cartinhas aos pais e encarregados de educação, pois saberão, por antecipação, que, quando o filho enfrenta dificuldades na escola, esta conduzirá o processo com habilidades necessárias. Os apoios devem saber que o acesso à educação é um dos direito mais básicos de todo ser humano, sendo fundamental para que crianças, jovens e adolescentes cresçam e tornem-se adultos capazes de exercer sua cidadania, produzirem e contribuírem activamente para a sociedade.

Para que os anos escolares sejam ainda mais benéficos e completos, o apoio dos pais é muito importante. “Precisamos idealizar a escola de confiança”. É extremamente importante que os pais acompanhem a vida escolar dos filhos. Este processo permitira o aprimoramento da aprendizagem do aluno, o melhoramento do rendimento escolar e, consequentemente, a redução de possíveis problemas de indisciplina.

Quando penso na minha escola, consigo fazer uma concatenação com a escola ideal de Kant e Piaget. Pensamos que o objecto máximo da educação é o aperfeiçoamento da humanidade, diferente da escola dos meus filhos, onde vejo simplesmente mazelas adultas como complicadores dos indicadores de qualidade, moa como obstáculos intransponíveis. A escola deve conquistar a confiança das famílias, deve transmitir a segurança de que sabe lidar com as demandas e necessidades dos alunos promovendo um ensino e uma assistência de qualidade. Quando se trata do subsistema do ensino primário, a necessidade é ainda maior, uma vez que crianças precisam de cuidados especiais. Esse exercício é uma responsabilidade de todos, para os devidos efeitos, os pais e encarregados de educação devem buscar, antes de qualquer coisa, uma atitude transparente por parte das escolas, não só no momento das matrículas mais durante todo o ano lectivo.

Para resgatar a confiança da escola, os gestores escolares devem deixar claro os métodos de ensino, os recursos de ensino, os instrumentos de avaliação da aprendizagem, o perfil de entrada e saída dos alunos, a forma de lidar com os conflitos entre outras questões para se ter uma boa relação com a família.

No entanto, é preciso que a escola não caia no erro de pensar que uma vez conquistada a confiança jamais a perderá, a «confiança é fugaz». Realmente, esta última visão pode acontecer, por isso as direcções Municipais de Educação e as Direcções das escolas devem estar atentas a essa questão. É fundamental e imperial que a escola não pare de pensar e repensar as novas tendências educativas.

Os Directores Municipais da Educação e os directores de escolas devem olhar para as novas demandas da educação e mudanças paradigmáticas que podem surgir quase diariamente nas escolas e devem estar aptos para saber responder tais desafios. Pelo contrário, podemos afirmar que “a escola dos meus filhos está condenada pelo discurso colectivo, pela tese do senso comum, por um grupo de profissionais de educação que só reclamam dos salários e nada fazem para melhorar as suas formas de actuação pedagógica.”. Os professores não ensinam mais valores éticos e morais. A educação está despida, assumiu a nudez e legitimou sua promiscuidade. Em meio a tudo isso, é visível a falta de responsabilidade dos gestores escolares, a falta de comprometimento dos professores, o que nos remete a repudiar as suas condutas. A ética e a moral devem vincar na escola dos nossos filhos. O nosso voto de confiança está casado com os discursos da Professora Luísa Grilo, actual Ministra da Educação-MED, que quer ver, a todo custo, o engajamento de todos os agentes da educação na busca frenética dos indicadores de qualidade. Nas suas análises, percebe-se estrategicamente as grandes intenções de melhoria do sistema de educação em Angola. A aprovação da Lei de Bases do Sistema de Educação e Ensino-LBSEE n.º32/20 é uma garantia de que teremos dias melhores para o sector da educação.

Como podemos notar, a LBSEE traz como pano de fundo projectos educativos muito eficientes. O MED tem lutado pela progressão escolar, a melhoria do rácio entre o ensino público, público-privado e privado, o aumento do orçamento anual para educação, aposta na qualidade dos recursos humanos, consolidação da rede escolar em algumas províncias e municípios, rácio professor- aluno, taxa líquida de escolarização para o ensino obrigatório.

O reconhecimento da situação real da educação, leva-nos a reflectir com proeminência sobre as ideias representativas da realidade de algumas províncias, municípios, Distritos e comuns. O grande problema consiste na falta de acompanhamento dos pais, estes muitas vezes matriculam seus filhos e não se preocupam com a vida escolar deles, sobretudo quando o mesmo está numa escola pública. Essa atitude demonstra um grande desapego entre os pais e a escola. No nosso entender, esses encarregados deviam ser responsabilizados severamente por terem abandonado os seus filhos na escola. Em Luanda, muitos pais não se preocupam com a vida escolar dos filhos e, mais do que isso, na maioria dos casos, não expressam o desejo de participar nas reuniões ou actividades programadas pela escola.

Por ser assim, os gestores escolares devem estar sempre actualizados para compreenderem o mundo actual e o das novas gerações. Dessa forma, será possível suprir as necessidades da escola com eficiência e preparar os alunos para serem uma referência académica e estarem preparados para um futuro brilhante.

Sem a confiança da família é impossível uma escola promover um ensino de qualidade. Mais do que oferecer bons projectos de formação, é fundamental fazer um atendimento especializado aos alunos, é de suma importância mostrar aos responsáveis das crianças como essas acções serão gizadas e em que medida os seus resultados serão efectivos. A educação deve promover a confiança. A confiança deve alimentar a esperança. A esperança nutre a paz.

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