A GUERRA DOS CONCEITOS – andamos todos no mesmo diapasão confusos pelos conceitos: fome, pobreza e extrema pobreza
OPINIÃO
Edson de Sousa Manexi – Jovem ao Serviço da Nação
Angola – Malanje, província localizada no planalto norte do país, 07 de Dezembro de 2024.
Caros leitores, hoje conforme a localização em epígrafe, proponho-me com uma certa informalidade literária alimentada pela minha estada no planalto norte do país, trazer à liça uma temática extremamente importante mas muito ignorada por todos nós. Estou ansioso em abranger o âmago da elite intelectual, política, trabalhadora, a juventude, e a sociedade no geral.
De há algum tempo a esta parte, temos perdido a qualidade analítica sobre os temas mais candentes do nosso cotidiano. À falta de Noberto Garcia, João Paulo Ganga, António Luvualu de Carvalho, Gildo Matias e Raul Danda, criou uma certa orfandade nas nossas televisões, rádios, jornais e redes sociais.
O advento de novas redes sociais e podcast’s, criou um certo oportunismo dando palco aos mais ousados e caçadores de oportunidades apresentarem-se como intelectuais. Com a nova onda de exaltação vinda de outros oceanos proliferada pela nossa diáspora, categoriza o criticismo exacerbado como sendo uma manifestação moderna de intelectualidade, e quem se propõe analizar os factos com uma certa criteriosidade e contextualização, arrisca-se a ser categorizado como “Mana Mado”.
Hoje, qualquer um tem um colega de painel. Ficou “gratuito” estar diante de um microfone e exteriorizar alguma coisa. Dantes, o preço era muito alto, pagava-se com a intelectualidade e prestava-se um exímio serviço à sociedade.
Quem me conhece bem, sabe o quão é a minha preocupação consuetudinária correlação a ideia de respeitarmos os conceitos e as terminologias. Grande parte dos conflitos interpessoais derivam na má interpretação dos conceitos. Até aqui onde cheguei, também já comecei a oscilar por tagarelar. (Risos)
Indo à medula da nossa contextualização, todos os santos dias batemo-nos de cara com uma notícia do Executivo retratando a ressaca de uma acção de combate à fome e a pobreza, ao mesmo tempo que inúmeras vozes sobretudo de intelectuais renomados, levantam-se para dizer que não se trata de combater a fome nem tão pouco à pobreza!
Mas afinal quem está certo?
Caros leitores, vamos ainda discernir cada um dos conceitos…
Fome: (do latim: faminem) é a sensação fisiológica pelo qual o corpo percebe que necessita de alimento para manter suas actividades inerentes à vida;
Pobreza: é definida, geralmente, como a falta do que é necessário para o bem-estar material, especialmente alimentos, moradia, terra, transporte e outros activos. Em outras palavras, a pobreza é a falta de recursos múltiplos que leva à fome e à privação física.
Os conceitos ora elencados por mim, não são matérias da minha cabeça. Fazem parte da infoliteracia e estão intrinsecamente ligado à educação e fazem parte do currículo universal.
My point of view
Em Angola, diz-se que o KWENDA, tem como objectivo combater a fome e a pobreza. Essa contextualização tem sido refutada pela maioria da classe intelectual que, infelizmente não tem sabido justificar-se frutiferamente.
Ora vejamos, tendo em consideração a definição de pobreza, o Kwenda não combate à pobreza mas sim, outro fenómeno que trarei à liça. O valor recebido pelas famílias do programa Kwenda varia de acordo com a região e o período. A média fica em torno de 66 mil Kwanzas semestral por agregado familiar, correspondente a 11 mil Kwanzas por mês.
Raiz do problema
O câmbio do Banco Nacional de Angola, diz que, USD 1 = AOA 912,383. Se pegarmos em AOA 11.000 ÷ 30 = 366,666. Logo, as mais de 10 mil famílias beneficiárias do programa vivem com menos de 1 dólar por dia.
Na minha opinião e com vista a mitigar qualquer mal-entendido, o conceito Kwenda visa combater a extrema pobreza dada a definição do banco mundial (O Banco Mundial define a extrema pobreza como viver com menos de 1 dólar dos Estados Unidos por dia).
Para que o conceito se adeque à prática, o essencial é subir a fasquia para estar em conformidade com a taxa de câmbio do BNA. Assim sendo, cada agregado familiar receberia AOA 27 371,49 por mês, perfazendo AOA 164 228,94 semestral.
Conclusão
A iniciativa do Estado angolano é louvável e encorajo piamente a continuar por quanto, tem ajudado muitas famílias que vivem em extrema pobreza ao mesmo tempo que mitiga à fome. A redefinição do conceito é uma questão facultativa dada a importância da acção no terreno. A importância do aumento das prestações é uma questão imperativa se levarmos em consideração o compromisso de Sua Excelência Presidente da República, João Manuel Gonçalves Lourenço para com o povo angolano.
Se entrarmos na onda da conformidade dos conceitos e contextualização dos factos, chegaremos a conclusão que muita coisa está ser bem feita em Angola.
“Eu acredito no processo”