O país da inversão das prioridades insiste na construção do AngoSat-3

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OPINIÃO

Luís de Castro/Coordenador do Partido Liberal


A situação socio-económica de Angola degrada-se dia após dia. A falta de paz no bolso e no prato do cidadão comum, excepto os “angolanos de primeira”, que estão mergulhados no mar da corrupção ou descaminho do erário.

Na generalidade, os problemas sociais, como pobreza, desemprego, educação deficitária, desigualdades sociais e acesso a serviços básicos, agravam-se de forma assustadora. Aliás, para muitas famílias angolanas, fazer três refeições ao dia é um luxo.

Apesar destes, e outros, desafios que o governo angolano demonstra incapacidade de resolução, tudo indica que continua em marcha a construção do novo satélite de observação da Terra, vulgo AngoSat-3, orçado em 225 milhões de euros.

O novo satélite angolano foi concebido com “intuito de fortalecer o desenvolvimento económico e tecnológico do país”. Porém, este investimento revela que o Executivo continua a cometer os mesmos erros: definição de prioridades e ineficácia das políticas públicas.

Ora, vejamos! A caminho do terceiro ano do lançamento do AngoSat-2, os angolanos continuam a ver no binóculo os benefícios do milionário investimento, que apenas engordou a dívida pública. O satélite, que custou 320 milhões de dólares, foi projectado para trazer vários ganhos para Angola e para o continente africano, com realce para redução do preço das telecomunicações, expansão dos serviços às zonas reconditas do país, estudo e fertilização de solos e o combate às pragas, entre outras valências.

Paradoxalmente, apesar dos ganhos do AngoSat-2 continuarem no papel, ou seja, os resultados não são palpáveis aos olhos dos cidadãos, o governo despesista inverte as prioridades e insiste na construção de mais um “elefante branco”, num país que ainda tem problemas de base como paludismo, cólera e uma pobreza extrema galopante.

Portanto, são medidas como estas que demonstram que o Executivo anda em contra-mão dos anseios e clamor da angolans, sobretudo, num contexto em que se vislumbra o agravamento das dificuldades do sector social e económico em 2025, tendo em conta as despesas e receitas previstas no Orçamento Geral do Estado.

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