O MEU VOTO AO SECTOR DA ENERGIA E AGUAS
OPINIÃO
Carlos Calongo
O Ministério da Energia e Águas tem, desde considerável período de tempo, um grupo na plataforma WhatsApp, gerido por uma das principais assessoras do titular do supra mencionado departamento ministerial, que é um dos mais animados dos internautas angolanos que, para lá da característica comum de serem quase todos bem relacionados, por via do oficio jornalístico que muito deles exercem ou exerceram, descontando, claro, os expert nas matérias de domínio daquele sector, aos mais diversos escalões.
Como de costume, o início foi tímido, condição que se foi alterando à medida que o grupo conheceu rápida evolução em termos quantitativo e, à jusante, qualificativa, acoplada à pluralidade de opiniões registadas nas abordagens que pendem, com alguns desvios típicos da condição humana dos seus membros, para as questões de água e energia eléctrica, não seria diferente-, nos mais diferentes e possíveis ângulos e modos de abordagem.
O grupo, integrado, igualmente, pelo Ministro João Baptista Borges que, em muitos casos tem tido exemplares intervenções que, para lá de pontuais, são pertinentes, orientadoras e, quiçá, quando necessário, com pendor de “fiscalização rigorosa”, é um bom exemplo da materialização do lema “Trabalhar mais e comunicar melhor”, enquanto matriz que orienta a acção governativa do país que, caso permaneça e de ter num, em nada desabona.
Aliás, ignorar a simbiose perfeita do valor dos conceitos (trabalho e comunicação), que corporizam o lema atrás enunciado, é uma postura diminutiva da capacidade de qualquer gestor público e não só.
Por esse caminho, fica difícil perceber a razão objectiva da sua escolha como servidor público, a quem se recomenda o dever de ser zelos, dos mais notáveis défices de certos governantes. Como acima referido, as abordagens, maioritariamente, do campo, da energia e águas, pendem para denúncias de privações ou falta destes serviços, em várias zonas, da cidade de Luanda, grosso modo, e um pouco por esta Angola, realidade que com- figura o sentido nacional, inclusivo e participativo que o referido grupo detém e meritóriamente referido num programa, na TV Zimbo, que, mais do que a audiência conseguida, recebeu diferenciados elogios, havendo mesmo quem classificasse o MINEA como o que melhor comunica.
A pronta intervenção das equipas do sector na solução dos casos denunciados, independentemente da hora e localização, reflecte o sério compromisso que os técnicos têm com o sentido de serviço público, respeito pela remuneração e demais regalias, considerando o que nos é dado a ver sentir e viver.
Entretanto, e já lá vamos para o ângulo menos positivo do assunto, não tem faltado alguma ausência de urbanidade na interacção no grupo, que nem mesmo pelo principio do uso da liberdade de expressão, institucionalmente estabelecido no largo conjunto dos direitos fundamentais, devem ser aceites.
Pelo contrário, demandam enérgica condenação, para que se reforce o sentido do permanente aprendizado recomendado para as questões da esfera pública que condensa, entre os seus valores, a elevação da capacidade de arrumação dos argumentos com os quais pretende “convencer os adversários”, considerando que, nesta era da quantitativa produção e circulação de informação, é dispensada a brutalidade ou incivilidade verbal, até porque existe um “terceiro anel”, o público, responsável pelo julgamento das nossas palavras e acções, que são as mesmas que nos condenam e salvam, retirando a componente repressiva dos termos evocados.
Em função desta linha de actuação pouco cordata, não poucas vezes manifestada por compatriotas que, pelo ofício que desempenham como sustento do pão de cada dia obrigam-se a melhor, faz todo sentido evocar uma abordagem que emana de um exercício mental mais amplo, que se afasta do simples sentimento de necessidade em ter e consumir um bem tão essencial para a vida das pessoas, como são a energia e a água.
A minha insinuação remete-nos para o exemplo que se segue, como uma realidade que não precisa confirmação e insinuação.
Tem ela que ver com as novas zonas de residência, em que os moradores beneficiam de energia precária, quando oriundas da rede pública e, quanto não, de PTs privados de alguns oportunistas que exploram os compatriotas, na busca do lucro fácil. Este também é um desafio a enfrentar.
Dizia, consagrando o meu voto negativo às abordagens pouco poli- das no grupo, que deve- mos considerar o seguinte cenário, conhecido porto dos nós, em que, um grupo de indivíduos, possuidores de prédios rústicos (terrenos), antes ocupados para a actividade agrícola, decidem vende- los para fins habitacionais. A carência por este tão apetecido “bem/terreno”, leva a população a aderir, (des)considerando, entretanto, as questões de existência de equipamentos e serviços sociais essenciais.
Claro que, forçado a tal, o Executivo, por via dos órgãos de direito, deve acompanhar a dinâmica de crescimento dos bairros, sendo o normal, dispor (água, luz, estradas, etc), para se construir, e não o inverso, como acontece.
Porém, isso envolve planificação, mobilização de recursos, execução, fiscalização, manutenção e outras tantas nuances de carácter técnico, administrativo e político.
Neste cenário, parece que todos têm razão, aplicando e aceitando-se a operação inversa. Assim, criado o problema, a busca de soluções é o passo subsequente que deve ocupar todos que, para o efeito, dão chamados a trabalhar, cada um à sua medida e responsabilidade, impondo-se ponderação na avaliação da situação, bem como, nas abordagens.
Mais do que tudo, devemos acreditar. Quando não sabemos, mas chegaremos lá. Dizem os outros: é um processo. Ps: Sou morador de um bairro fora do casco urbano da capital, sofro muito com a falta da água, mas a realidade obriga-me a ter alguma prudência e, por mais que se negue, felicitar o sector da Energia e Aguas, por tudo que tem feito para o cabal cumprimento da sua missão social.