OPINIÃO

JAIME MC/Activista social e músico de intervenção social


O silêncio dos líderes africanos diante da fraude eleitoral em Moçambique é um eco ensurdecedor que ressoa por todo o continente. Em um momento em que a democracia é subvertida e a vontade do povo é desrespeitada, a ausência de uma condenação firme e clara por parte desses líderes é, no mínimo, preocupante.

Esses mesmos líderes que, em outras ocasiões, se levantaram contra golpes de estado e ditaduras, agora se calam diante de um golpe contra a democracia em Moçambique. A incoerência é evidente e levanta questões sobre os verdadeiros valores e princípios que norteiam suas ações. Por que não condenam a fraude que se verifica em Moçambique? Será que a solidariedade entre os governantes se sobrepõe ao compromisso com a justiça e a verdade?

Lembro-me de um episódio emblemático, quando o “presidente” João Lourenço, se recusou a saudar um general do centro da África que havia derrubado uma ditadura em seu país. Naquele momento, JLO fez uma declaração poderosa sobre a ilegitimidade de tomar o poder pela força. No entanto, agora, diante de uma fraude eleitoral que também representa uma forma de golpe, o silêncio prevalece.

Este silêncio pode ser interpretado como uma forma de conivência ou, no mínimo, de indiferença. É um silêncio que fere a esperança de milhões de africanos que anseiam por líderes que defendam a democracia e os direitos humanos com coragem e consistência. A verdadeira liderança se manifesta não apenas em palavras, mas em ações concretas e em momentos críticos.

A história nos ensina que o silêncio diante da injustiça é uma forma de cumplicidade. Portanto, é imperativo que os líderes africanos rompam este silêncio e se posicionem claramente contra a fraude eleitoral em Moçambique. Somente assim poderão honrar os princípios democráticos que dizem defender e inspirar confiança e esperança em um futuro mais justo e democrático para todos os africanos.

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