Movimento Cívico angolano reage ao assassinato políticos em Moçambique

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A Handeka/Movimento Cívico Mudei fala de “mortes encomendadas”.


Por Feliciano Jacinto

O cenário político em Moçambique mergulha numa nova onda de terror, após o assassinato brutal de Elvino Dias, advogado do candidato presidencial Venâncio Mondlane, e Paulo Guambe, mandatário do partido Podemos.

O duplo homicídio, ocorrido na noite de sexta-feira na Avenida Joaquim Chissano, no coração de Maputo, chocou o país e a comunidade internacional, que exige uma investigação célere e imparcial.
A Handeka/Movimento Cívico Mudei, uma

das principais vozes críticas em Angola, manifestou-se este sábado contra o que descreve como “mortes encomendadas” para silenciar opositores políticos.

“Repudiamos vigorosamente este ato hediondo que visa calar os que lutam pela justiça eleitoral em Moçambique”, escreveu o movimento numa mensagem partilhada nas redes sociais, apelando à coragem do povo moçambicano para levar os responsáveis a tribunal.

As vítimas foram atacadas por um grupo armado, que abriu fogo contra o veículo em que seguiam. A emboscada, que resultou também no ferimento de uma mulher que estava nos bancos traseiros, foi considerada por muitos como uma mensagem de intimidação, numa altura em que as eleições gerais de 9 de Outubro estão a ser fortemente contestadas pela oposição.

Venâncio Mondlane, o candidato do Podemos, já havia anunciado que estava a reunir provas de fraude eleitoral e planeava apresentar os documentos ao Conselho Constitucional após o anúncio dos resultados.

O advogado Elvino Dias desempenhava um papel crucial nesta missão, o que levanta sérias suspeitas sobre as motivações do crime.

Apesar das alegações iniciais da polícia moçambicana de que os assassinatos poderiam estar ligados a uma “discussão conjugal”, o líder do Podemos, Albino Forquilha, foi categórico ao afastar essa hipótese. “Estes crimes têm a mesma assinatura dos assassinatos políticos de 2019, com armas do tipo AK-47, que são comuns em operações orquestradas por elementos ligados ao poder”, afirmou Forquilha.

A oposição moçambicana e várias organizações internacionais, incluindo o Governo português, a União Europeia e as embaixadas dos Estados Unidos, Canadá, Noruega, Suíça e Reino Unido, condenaram os assassinatos e exigiram uma investigação completa.

O clima político em Moçambique continua tenso, com as comissões distritais e provinciais de eleições a anunciar uma clara vantagem para a Frelimo e o seu candidato presidencial, Daniel Chapo, com mais de 60% dos votos. Contudo, Venâncio Mondlane e outros líderes da oposição rejeitam estes resultados, alegando que as eleições foram marcadas por irregularidades e fraude massiva.

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