Bispos denunciam impostos ‘asfixiantes’ e exigem redução urgente dos preços da cesta básica

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Num apelo ao governo, os bispos católicos de Angola e São Tomé criticaram duramente os impostos que agravam o custo da cesta básica, alertando para a crescente pobreza e subdesenvolvimento no país. O ´clero´ pede medidas imediatas para aliviar a pressão sobre as famílias angolanas, que enfrentam dificuldades extremas.


Por Feliciano Jacinto

A Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) voltou a erguer a voz contra a grave situação económica do país, sublinhando que a pobreza, a fome e o subdesenvolvimento continuam a marcar negativamente a vida dos cidadãos.

No encerramento da II Assembleia Ordinária Anual, realizada em Luanda, os bispos, através do seu porta-voz e bispo de Cabinda, Belmiro Chissengueti, exigiram que o governo priorize políticas que reduzam o custo da cesta básica, fortemente inflacionada pelos “pesados e insuportáveis” impostos.

“A carga fiscal, como está, é insustentável para as famílias e para as empresas. O governo precisa de agir agora antes que as consequências sejam irreversíveis”, alertou o bispo Chissengueti.

Segundo os prelados, os impostos elevados são os principais responsáveis pela falência de inúmeras empresas nacionais, o que pode levar à perigosa perda da independência económica do país, com efeitos nefastos para a sociedade.

Os bispos também aproveitaram para encorajar os cidadãos a participarem no Censo Geral da População e Habitação, em curso até 30 de Setembro, salientando que este é um passo importante para a elaboração de um verdadeiro “exame de consciência nacional” no contexto das celebrações dos 50 anos da independência de Angola, que se assinalam em 2025.

Esta reflexão, afirmam, deve focar-se na superação da intolerância e na busca de uma reconciliação nacional genuína.
Além das críticas económicas, a CEAST manifestou profunda preocupação pela exclusão de milhares de crianças do sistema de ensino, uma realidade que, segundo os bispos, compromete o futuro da nação.

“Não podemos construir uma sociedade sólida sem garantir educação para as nossas crianças”, frisou o bispo, sublinhando que a violência infantil e o consumo de drogas continuam a aumentar, uma situação que classificam como “vergonhosa”.

A assembleia também serviu para reconduzir a direcção da CEAST para mais um triénio (2024-2027), mantendo o arcebispo José Manuel Imbamba como presidente, acompanhado pelo bispo Estanislau Chindecasse (vice-presidente) e pelo bispo Maurício Camuto (secretário-geral).

Num apelo final, os bispos reforçam que a luta contra a fome deve ser prioridade absoluta, afirmando: “Nenhuma nação pode sobreviver com a barriga vazia”.

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