Como uma brasileira desmoralizou a polícia do general João Lourenço

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OPINIÃO

João Fabunmi


O que você faria se visse algo terrivelmente errado acontecer em Angola? Denunciaria em suas redes sociais e arriscaria “conversar” com o SIC ou ficaria calado? E se você fosse mulher, já pensou no absurdo de coisas que poderiam estar a acontecer com você agora? Uma turista brasileira, sem saber, conseguiu desmoralizar a Polícia Nacional e o regime do general João Lourenço com apenas um desabafo em suas redes sociais.

A brasileira, a quem iremos nos referir como “Senhorita L” para preservar a sua identidade, viajava sozinha por Angola com o intuito de promover o turismo em África. Em seu TikTok ela também alega que deseja inspirar outras mulheres a viajarem sozinhas. É um facto que há muitos estereótipos negativos sobre o nosso continente e todos os que desejam acabar com esses estereótipos, o que aumenta o turismo e movimenta a economia de África, são muito bem-vindos. Mas apesar o povo de Angola e das belas paisagens do nosso país, nem tudo foi belo na viagem da Senhorita L – seu carro foi parado 7 vezes nos postos de controlo da Polícia Nacional porque os policiais nacionais queriam dinheiro e praticavam extorsão. Além da corrupção da polícia de JLO, a brasileira conheceu as horríveis estradas esburacadas de Angola.

Uma vez que João Lourenço se vangloria na ONU de conhecer a solução para todos os problemas do mundo, por que será que os policiais da PN precisam mendigar dinheiro a motoristas? Será por que os melhores salários vão para os policiais do departamento de censura política do SIC? E se Angola quer melhorar a situação do turismo, qual é o estímulo que um turista vai ter para visitar um país conhecido por uma polícia tão corrupta? Não era o general João Lourenço que tinha um plano para “acabar com a corrupção em Angola”?

O general que tudo sabe foi desmoralizado até pelos seus amigos dos EUA. A Voz da América noticiou no dia 2 de julho de 2024 sobre a remoção dos postos de controlo:

“A decisão foi tomada depois de uma cidadã estrangeira se ter queixado nas redes sociais, de ter sido vítima de extorsão por parte de agentes da polícia ao longo da viagem turística que realizou às províncias de Luanda, Cuanza Norte e Malanje.”

Está a ficar claro que a “luta contra a corrupção de JLO” não é uma luta contra a corrupção, mas sim o silenciamento dos jornalistas de Angola que denunciam a corrupção de seu governo. Esta mesma fórmula também foi aplicada no Brasil pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, que perseguiu jornalistas que denunciavam casos de corrupção em seu governo. Mas a corrupção do Brasil é uma brincadeira quando comparada com a de Angola, como atesta a Senhora L.

Os angolanos sabem que os postos de controlo são locais de extorsão onde motoristas têm que pagar para não serem importunados senão mesmos impedidos de prosseguir viagem, mas nem sempre podem eles publicar em redes sociais por medo do SIC, que protege os corruptos que governam o povo de Angola. Infelizmente, o povo angolano não tem o mesmo nível de liberdade política que uma cidadã do Brasil.

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