Homens de carro de mão  com sonhos mortos e sem força para suportar a fome

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Cada elemento, saiu da província de origem com um objectivo. Comprar um carro de mão, trabalhar e realizar sonhos, entre eles, contrair o matrimónio, comprar motorizada e construir casa.

POR ISIDRO KANGANDJO

O Portal Factos Diários manteve uma conversa exclusiva nesta sexta-feira, 28 de Agosto, com os homens que dependem e sobrevivem de carro de mão nos municípios de Viana e Cacuaco. Francisco Sapula, tem apenas 16 anos de idade, saiu da província do Huambo em Novembro de 2019 com o objectivo de juntar o dinheiro e realizar o casamento que estava previsto para o mês de Setembro. Em Março deste, o Governo angolano declara o estado de calamidade na capital do país e a vida do adolescente ficou complicada porque não tinha nem ser cinco mil kwanzas para regressar na sua terra natal.

Neste momento, encontra-se preocupado por não ter concretizado o sonho de casar. “estamos aqui fechado em Luanda, não sabemos se vamos morrer de fome ou de Coronavírus. Os nossos sonhos estão mortos, o que estamos aqui a fazer é para sobreviver porque os clientes de carro de mão proferem agora motorizadas de três rodas”, lamentou Francisco Sapula.

O grupo é composto de adolescentes, jovens e senhores, todos vieram para Luanda no sentido de realizarem os seus sonhos, porém, a crise financeira, o surgimento de motorizadas de três rodas, quer a Covid-19, veio desmoronar os sonhos dos vulgos “Roboteiros”. A maioria dos Jovens são provenientes das províncias de Benguela, Huambo e Bié, aliás, essa actividade é exercida frequentemente pelos cidadãos do Centro e Sul do país.

Em 2014 a 2017, estes trabalhadores angariavam, no máximo, 3.000 Kwanza por dia, número que determina um montante financeiro no final da semana de 18 mil kwanzas, soma que depois de multiplicada por quatro semanas do mês dará 72 mil kwanzas. Na altura, fazíamos as nossas vidas nas calmas. Há uns que já têm mulher e filhos aqui, mas muitos só economizavam para levar nas nossas províncias. Actualmente isso já não existe”, atestou.

 

                                                        SOLIDARIEDADE

Todos eles vivem como irmãos, quando um deles está doente, cada elemento contribui com um valor para o enfermo efectuar a consulta. Vivem em grupos, ou seja, em cada quarto mora cinco ou mais pessoas. Os mais velhos são conselheiros e todas as tardes selecionam que vai preparar o jantar. “ usamos o sistema de viver em grupo para minimizar os gastos, num momento em que vivemos, todas estratégias são aplicadas para ninguém de nós morrer de fome. Já que não conseguimos realizar os nossos sonhos, estamos a lutar apenas para sobreviver”, disse o senhor Simão Sambongue, o mais velho do grupo.

O MAIOR SONHO

Actualmente, o maior sonho de muitos dos mesmos, é regressar nas suas terras de origem. Alegam que não têm nada para fazer na cidade de Luanda, a família está a espera uma vez que o prazo de seis meses já passou. A falta de dinheiro e a não abertura da cerca sanitária da capital do país, está a condicionar o máximo, por isso, lançam o grito de socorro.

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