LUTA DE TERRA: Administração de Viana prejudica projecto agrícola de impacto social
A Associação dos Comerciantes, Industriais e Prestadores de Serviços de Viana-ACIPSV queixa-se de ‘boicote’ e vandalização do seu projecto agrícolas, na Comuna do Calumbo, por algumas individualidades e elementos afectos à administração local e municipal.
Por Joaquim Paulo
Há três anos que várias cooperativas atrelaram-se a ACIPSV, uma instituição filantrópica e não governamental, para dar vida a um projecto agrícola, pensado na reintegração social que, até então, contou com mais de 300 trabalhadores, na sua maioria ex-combatentes e pessoas de baixa renda, que encontraram no referido projecto o primeiro emprego.
“Estamos a falar de 3 anos, desse que nos instalamos aqui para começar a fazer os nossos trabalhos de agricultura, depois de 90 dias de muito esforço fizemos a primeira colheita de productos diversos, com uma média de 400 toneladas, tendo a melancia com maior realce”, foi basicamente nesses termos que o Presidente da ACIPSV, Francisco Manuel, começou a discorrer sobre o projecto que hoje teme pelo prejuízo.
O representante da associação focada na promoção da empregabilidade, ajudar as micros, pequenas e médias, adiantou que, após as primeiras colheitas, começaram ser alvos de vandalização, pelo que, conta o mesmo, apareceram no local cerca de 30 indivíduos que alegam ser os proprietários legítimos do espaço, com a documentação passada pelas mesmas instituições que reconheceram e deram o aval para que a cooperativa operasse no terreno.
Nelson Bem-vindo, em representação da cooperativa dos ex-combatentes, lamentou o facto das pessoas com fins inconfessos prejudicarem o projecto sem medir as consequências. “Ontem fomos das armas e hoje somos das enxadas, porque entendemos não devemos cruzar as mãos, mas continuar a ajudar o executivo na materialização do programa do combate a fome, pobreza e a miséria”, palavras do ex-combatente, que controla mais de 400 ex-militares.
PREJUÍZO AVALIADO EM MAIS DE 800 MILHÕES DE KWANZAS
O Presidente da Associação sublinhou que, apesar de terem em posse os documentos da terra, inclusive a licença de exploração agrícola, passada pelo Gabinete provincial da agricultura, veja que os órgãos que deveriam solucionar o problema não conseguem dar respostas, pelo que, parecem jogar nos dois lados. “O Administrador local que assinou o nosso documento, é o mesmo que assinou que favoreceu os supostos proprietários do terreno”, afirmou indignado com a situação.
Nesta altura, a associação roga a quem é de direito para reaver os prejuízos que rondam nos 800 milhões de kwanzas. Outro sim, a questão dos mais de 200 funcionários que agora deixam de sustentar as suas famílias por conta do boicote do projecto.
O Factos Diários vai continuar acompanhar o caso, até o desfecho.