UÍGE: Casamentos no seio da mesma família decorrem sem sobressaltos  

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Os casamentos, segundo o costume dos povos Basoso e Bayaka, no município dos Buengas, Província do Uíge, podem ocorrer entre membros da mesma família, desde que se cumpram todos os rituais necessários para o efeito. Uma prática que visa a manutenção da integridade familiar.


Por Redacção do Factos Diário

“É para a família não poder ir distante. Não pode ser dispersada”.

 Para os devidos casos, conforme reza tradição e na visão de alguns mais velhos, como o caso do regedor Pedro Kagioya, de Kukaka, citado pelo Jornal de Angola-Online, em caso de se verificar proximidade familiar, o pai tem de se precaver de possíveis conflitos, antecipando-se aos progenitores, sobretudo se se tratar de uma sobrinha, filha de uma irmã, que deve merecer uma preocupação ainda maior, por causa das responsabilidades que se tem na hierarquia familiar.

“Quando você vê que a sua sobrinha “já dá”, vai falar com a sua irmã (mãe da menina), dizendo-lhe ‘eu estou a ver que a minha filha já é crescida e o meu filho também já é crescido. O meu pensar é que a minha sobrinha tem que casar com o meu filho, para evitar problemas”, avançou o regedor.

Há casos em que, como disse Pedro Kagioya, se regista o envolvimento entre a filha de uma sobrinha e o filho do tio desta. Nesta situação da filha da sobrinha que gerou a filha, que é considerada neta, o pai do rapaz, que é no caso o chefe desta família, vai falar com os sogros dele. “Aquela minha neta é minha mulher, vou entregar a sua mão para o meu filho”.

Desde sempre nunca houve complicações, pelo contrário o sogro bate palmas, referiu, explicando que a relação no seio da família serve para que “aquilo que a gente trabalha (herança) não caia em mãos de outras pessoas”. Dificilmente há rejeição nestas negociações entre famílias, havendo satisfação do lado da menina, que até agradece a sorte de terem como genro alguém da família, sobretudo neste tempo que há muita “vigarice” entre os jovens.

Na fase de o rapaz cortejar a rapariga, só para este dar a conhecer que está a conquistar a menina, ele tem de entregar entre 20 e 40 litros de malavu, bebida fermentada elaborada a partir de uma espécie de palmeira, chamada tombe, um veículo que lhe vai permitir conversar com os pais da rapariga.

Cumprido o primeiro passo, seguidamente o moço vai-se preparando para criar outras condições para acompanhar a remessa da carta de conhecimento (carta de pedido), que será entregue à menina como portadora aos pais. Para a formalização da relação marital geralmente é paga alguma coisa, referiu o velho, afirmando que desde os tempos antigos que se cumpriu isso e que os mais velhos falavam não é por ser neta que vai manter sem o cumprimento de alguma obrigação, não. “É seguir as regras, as vias próprias, de maneira a que ele fique sem tristeza”.

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