Presidente João Lourenço defende empenho dos Estados para o fim dos conflitos em África
O Presidente da República, João Lourenço, defendeu, este domingo, em Adis Abeba, capital da Etiópia, o engajamento dos Estados, países, governos e populações do continente para o fim dos conflitos e para o silenciar definitivo das armas em África.
O Estadista angolano, que usou da palavra na sessão da manhã deste domingo da Cimeira da União Africana, na qualidade de Campeão da Paz e Reconciliação, afirmou que a concretização da tarefa incumbida pela UA exige coordenação e empenho conjunto na realização das acções delineadas pela organização.
“Tenho recebido um apoio significativo dos organismos da UA, das Nações Unidas, das Comunidades Económicas e Mecanismos Regionais e de parceiros internacionais de África, para o cumprimento das minhas responsabilidades em matéria de paz e de reconciliação nacional no continente, facto que agradeço muito sinceramente em nome de todos os africanos”, disse.
Processo de pacificação da RCA
Durante a sua intervenção, o estadista angolano teceu considerações sobre o processo de pacificação na República Centro-Africana, em cujo âmbito se levou a cabo um conjunto de iniciativas, no sentido de, entre outros, convencer as lideranças dos vários grupos armados que actuam no país, a abandonarem a rebelião e a estabelecerem residência fora do território centro-africano.
“Devo dizer que estes esforços regionais conduziram à adopção do Roteiro Conjunto para a Paz na RCA mais conhecido por Roteiro de Luanda, que definiu alguns eixos de actividade, dos quais destaco o cessar-fogo e o desarmamento, desmobilização, reintegração e repatriamento, que ajudaram, no seu conjunto, a criar um clima de maior distensão e compreensão, favorecendo o diálogo republicano interno entre todas as forças vivas da nação centro-africana”, avançou João Lourenço.
A situação actual na RCA, disse, é bastante melhor do que a que se registava no ano de 2020, afirmando que os dados no terreno animam ao prosseguimento dos esforços para a consolidação dos processos de pacificação que se vão desenrolando de forma bastante positiva noutras regiões do continente.
Situação na Etiópia, Sudão e Sudão do Sul
Em relação ao conflito etíope, disse ter merecido atenção especial os entendimentos alcançados entre o governo da República Democrática Federal da Etiópia e a Frente Popular de Libertação do Povo de Tigray, que culminaram com a assinatura do acordo de paz, ocorrido em Novembro de 2022.
Sobre o Sudão do Sul e Sudão, João Lourenço considerou satisfatórios os progressos registados, apesar de ainda subsistirem algumas preocupações que carecem de atenção, por forma a que se ajude estes dois países e povos irmãos a superarem as diferenças internas existentes e consolidarem, deste modo, o processo de paz e de estabilização em curso nos seus países.
Crises no Chade, Guiné e no Burkina Faso
João Lourenço afirmou que se observa, com esperança num desfecho positivo, os sinais encorajadores registados no âmbito dos processos de transição no Chade, na Guiné e no Burkina Faso, com os actores políticos dos respectivos países a procurarem demonstrar, cada vez mais, a sua vontade e capacidade de ultrapassar as divergências entre as diferentes partes envolvidas, com vista a uma saída negociada da crise e ao regresso à normalidade democrática.
Relativamente ao Mali e à Líbia, o Presidente Angolano adiantou que, apesar dos sinais animadores, se deve reconhecer que ainda persistem diferenças bastante marcantes entre os principais actores envolvidos no esforço de busca de soluções para os problemas que enfrentam, colocando a necessidade de a CEDEAO e a União do Magrebe Árabe, em articulação com a União Africana, prosseguirem, com determinação e persistência, as diligências conducentes à resolução cabal dos sérios problemas internos vividos por esses países.
De acordo com João Lourenço, a par de outros conflitos, inclui-se ao mesmo nível e grau de preocupação, a questão da pirataria marítima, da proliferação de grupos armados e do terrorismo, fenómenos que têm afectado seriamente o Golfo da Guiné, a Região do Sahel e a República de Moçambique, que se vê confrontada com acções violentas em grande escala, desencadeadas por grupos armados extremistas, com o objectivo de impôr os seus ideais pela força, retardando as perspectivas de desenvolvimento deste país da África Austral.
O panorama actual em Moçambique, asseverou, é consideravelmente mais tranquilo e estável, por força da pronta reacção da SADC, que accionou imediatamente e com os resultados positivos que hoje se conhece, a Força Conjunta em Estado de Alerta da SADC, que actua em coordenação com as Forças Armadas Moçambicanas.
“Este é um Mecanismo que se vai revelando eficaz e necessário, pelo que deve merecer todo o nosso apoio político, logístico, financeiro e outros, porque poderá ser útil em situações futuras”, asseverou.
João Lourenço reiterou, também, a solidariedade para com os Estados-Membros cujos povos são as verdadeiras vítimas das consequências causadas pela instabilidade política, manifestando, uma vez mais, a disponibilidade para honrar a missão que lhe foi conferida de Campeão da Paz e Reconciliação em África.
DC/VM/ADR