“O Polícia é um prestador de serviço, é um servidor, é um agente ao serviço do cidadão”

António Vicente Gimbe, Director da Educação Patriótica da Polícia Nacional de Angola, manteve uma conversa exclusiva no Factos Diários na manhã desta segunda-feira, 10 de Agosto, para falar da relação entre o Polícia e o cidadão no tempo da Covid-19 assim como a importância deste departamento na moralização dos efectivos que sempre são obrigados a manter a ordem e tranquilidade nas zonas rurais e urbanas do país sem olhar pela hora e o local.


Por Isidro Kangandjo

Factos Diários: Para quê serve a Educação Patriótica dentro da Polícia Nacional?

Comissário António Vicente Gimbe: Primeiramente, é preciso perceber a natureza e a instância da educação patriótica dentro dos órgãos constituinte da Polícia Nacional. A nós cabe-nos a tarefa de olhar pelo meio ambiente que a Polícia profissional e segurança pública realiza o seu trabalho, avaliar riscos, conhecer a sua missão e estabelecer o cumprimento do dever.

No conjunto dessas necessidades, a que olhar primeiro, o elemento que vai cumprir esses objectivos e um dos elementos primários que ele deve observar é a satisfação do cumprimento da missão.

Para isso, é preciso perceber, conhecer a missão, perceber os contornos para o cumprimento dessa missão, o quê que lhe motiva e lhe satisfaz no cumprimento da missão, porque, para além do aspecto material, há aspecto psicológico, moral assim como a satisfação individual do próprio agente no cumprimento da missão.

Factos Diários: Como vê a relação entre o Polícia e o Cidadão?

Comissário AVG: Eu entendo que a missão do polícia começa no cidadão e termina no cidadão. O polícia é um prestador de serviço, é um servidor, é um agente de trabalho ao serviço do cidadão.

Dentre esses serviços, há cumplicidade. A cumplicidade se faz de alguém que precisa satisfazer uma necessidade e o outro tem o dever também de prestar a satisfação de uma necessidade. A relação entre policia e o cidadão e vice e versa, é uma relação natural, é uma relação de irmandade, de cumplicidade e do cumprimento de obrigações e deveres.

 Toda e qualquer fraqueza nessa cumplicidade entre cidadão e Polícia- Polícia cidadão, as responsabilidades devem ser repartidas. Ver um agente servidor, prestador de serviço e quer no agente beneficiário do trabalho prestado. Por isso, entendo que a relação entre os dois, deve ser saudável e nessa relação saudável implica que haja uma comunicação permanente, isso faz com que, quer o cidadão quer o agente, saem satisfeitos pela qualidade do serviço prestado durante o exercício das suas actividades.

  FACTOS DIÁRIOS: Regista-se o aumento dos cidadãos a agredirem o Polícia na capital do país. Isso não preocupa o senhor Director?

Comissário AVG: Preocupa-nos, mas a nossa preocupação é vice e versa. Tudo o que se enquadra fora dos padrões desejáveis, quer de que parte venha essa iniciativa, não nos satisfaz e deve ser reprovada.

FACTOS DIÁRIOS: Sabe-se o número de quantos agentes foram agredidos pelos cidadãos desde a entrada em vigor do estado de emergência e de calamidade?

Comissário AVG: Não tenho aqui uma estatística física em relação a esse acontecimento, mas, também, não são muitos agentes vítimas da agressividade por parte dos cidadãos e, esperamos que não tenha muitos casos notáveis para não violar o padrão que é da boa convivência em sociedades democráticas como de Angola onde o cidadão e Polícia tem tido uma relação de estado e do bem fazer.

Devemos reconhecer que tivemos casos dessa natureza a nível do país em que cidadãos insurgiram-se contra a Polícia. Internamente, temos feito um trabalho permanente de avaliação, avaliação do meio ambiente, o estado físico do pessoal, o equipamento que tem para cumprir a missão e outros conjuntos de factores que são precisos observar.

A influencia familiar também conta muito, porque, muito de nós, não apenas no Ministério do Interior mas em qualquer instituição pública e privada, transportamos os problemas de casa para o serviço, às vezes, não há avaliação de casos porque temos alguns profissionais que são portadores de algumas situações até de trauma e muita das vezes acabam tendo uma influência negativa na sua prestação de serviço.

Temos que analisar todo um conjunto de opções para que possamos chegar à conclusão de que sim, está aí o cidadão satisfeito.

FACTOS DIÁRIOS: Senhor Comissário, achas que o serviço dos agentes tem sido satisfatórios ou há ainda muito trabalho para a sua concretização?

Comissário AVG: O resultado no seu geral é positivo porque existe uma instituição que melhor está preparada para prestar esse serviço ao cidadão e preservar o bem vida. Dentro do conjunto das necessidades, uma delas é a segurança, o bem vida porque o factor segurança, deve ser uma das prioridades quando estivermos que estabelecer qualquer programa de vida. Devemos reconhecer que onde há homens há lacunas, entretanto, tudo está ser feito para o espaço vazio.  

FACTOS DIÁRIOS: Sabe-se que não é tão fácil trabalhar ou sensibilizar um militar. Será que tem sido fácil trabalhar na sensibilização e moralização no agente da ordem pública?

Comissário AVG: Sim, é fácil mas também há dificuldades durante o exercício da sua actividade. Nós percebemos que o Polícia é um ser humano, adulto e, se não estou em erro, 80% dos efectivos têm um agregado familiar constituído. Neste caso, trabalhar com os adultos, pessoas que têm culturas e comportamentos diferentes, não tem sido fácil, porque, em alguns casos, tem causado interferência no trabalho, mas tem sido possível para produzir resultados desejados aos cidadãos.  

FACTOS DIÁRIOS: Será que o cidadão pode exigir um Polícia perfeito?

Comissário AVG: Perfeito não. O polícia é um ser humano, é um cidadão vestido de uma autoridade com a missão de servir o outro cidadão. O homem por natureza é feito de virtudes e defeitos, o que deve se exigir e que, felizmente, temos feito, é trabalhar na relação e na proximidade com o cidadão. O agente é pai de família, traz consigo um conjunto de responsabilidade acrescida e, em alguns caso, repito, acaba por interferir naquilo que é a sua actividade enquanto Polícia. É preciso olhar o Polícia como um ser humano.

FACTOS DIÁRIOS: O trabalho de moralização dos cidadãos continua no tempo da Covid-19?

Comissário AVG: Este é um trabalho permanente, não depende e nem está retido à Covid. É um trabalho permanente que deve se realizar a todo tempo e dar procedimento. É preciso saber que o Polícia tem deveres profissionais e tem direitos. É preciso aqui estabelecer uma relação entre deveres profissional do Policial e os direitos do Polícia junto da sociedade.

 Um dos direitos que o Polícia tem dentro da sociedade, é o respeito pela prestação e honra do seu serviço e este mesmo respeito que recebe dos cidadãos, ele também atribui dentro da sociedade. O maior prazer, sentimento e do dever do Polícia, é trabalhar pela pátria.

FACTOS DIÁRIOS: A pandemia não vai condicionar os vossos serviços juntos dos cidadãos?

Comissário AVG: Independentemente do momento, dos riscos e do sacrifício em que nós somos submetidos, estamos disponíveis para que possamos cumprir com a tarefa honrosa de proteger as pessoas, proteger o património e garantir a estabilidade social que o país vai conhecendo.       

FACTOS DIÁRIOS: Para terminar, quê mensagem gostaria de deixar aos cidadãos?

Comissário AVG: Primeiro um pedido de desculpas principalmente naquelas acções em que somos menos conseguidos por vários factores que possa assim interferir no exercício das nossas actividades. Principalmente aquelas que acabam na perca de vidas humanas.

As nossas sinceras desculpa e, prometemos tudo fazer para que esse tipo de situações se vem diminuindo. Falhas humanas existem e, devemos sim que essas falhas tenham impacto menor. Aproveitamos dizer que, continuamos esperançosos e cientes de que vamos continuar a receber do nosso povo aquele respeito que sempre nos tem brindado.

Caro cidadão, devemos ver um Polícia como o irmão, alguém que está perto de si para te proteger. Devemos evitar acções que não abonam a sociedade.

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