OPINIÃO

Franklin Firmino


Longe vão os tempos em que as reuniões do BP terminavam com palavras de ordem, como “um só? Povo! Uma só? Nação! A luta? Continua…A vitória é certa! A vitoooriiiia? É certaaaa!” Ao que, religiosamente se seguia o anúncio do almoço, invariavelmente regado com barris de fino Cuca!


Na sexta-feira passada, o secretariado do BP reuniu-se e o que mais e melhor se viu, foi um Chefe “sozinho, com gente ao lado…”


O presidente dos camaradas reuniu às pressas o posto-comando avançado para anunciar a decisão de realizar um congresso extraordinário cujo mote será a avaliação dos 50 anos de independência de Angola.


Estranhamente, nenhum militante, dos visíveis aos invisíveis, abriu o peito para “elogiar” a visão estratégia do campeão da paz, numa clara demonstração da solidão que o acompanha, neste último terço da viagem de final de reinado.


Hipoteticamente falando, a curva apertada que João Lourenço começa a descrever para que se salve de um vexame colossal, parece demasiado perigosa para todos os pares. Vai daí, o campeão da paz estará certamente a descreve-la sozinho, pois como bons aprendizes, os colunáveis dos lugares cimeiros à mesa do chefe, começaram já a saltar (ainda que parados no mesmo lugar) do machimbombo que nos leva para as eleições em 2027, com escala técnica em Dezembro de 2026, altura em que, por força dos estatutos do partido, deverá ser realizado um congresso ordinário.


Por estes dias, o presidente dos camaradas terá percebido já que as pilhas do comando da TV que passa a série “Angola, o nosso país”, estão a ficar fracas e mais cedo do que se poderia esperar, ele próprio vai deixar de poder usar.


“Aeronauticamente” falando, o triplo-seven (777) com a matrícula M.P.L.A., está neste momento a atravessar a zona de maior turbulência neste voo que já leva quase 50 anos…


A ser verdade o que o povo diz, e tomando por certo que a voz do povo é a voz de Deus, parece uma cartada de desespero, o ensaio de apresentação da actual primeira dama, como candidata à substituição de João Lourenço!


Ou muito nos enganamos ou esta solução só agravaria o estado fragmentado em que se encontra o MPLA.
O partido precisa de se voltar a unir e mover-se à uma só voz.


O esforço para que tal aconteça, beira o sacrifício. Não mais há espaço para que sob qualquer capa, se insista na auto-flagelação, aniquilando, afastando, humilhando e até pisando em quem use a mesma cor partidária.


É tempo (e já se vai tarde) de unir, pois é da união do MPLA que depende, como pão para boca, a união e a estabilidade do país!
Que se devolva o partido MPLA aos seus militantes…que sejam os militantes, à sombra da mulemba ou reunidos no jango, a escolher o próximo presidente do partido e candidato do MPLA para 2027.


O presidente João Lourenço, dentro das limitações que se percebem, tentou e terá feito o seu melhor. Parece líquido que não o terá conseguido. Assumamos e avancemos para soluções que realmente resolvam os problemas do povo…não sem antes, resolver, internamente os problemas do MPLA.


É importante que o MPLA, que a actual direcção do MPLA, que o presidente João Lourenço, não se esqueçam do papel e das responsabilidades que têm perante Angola e os angolanos. Todos erramos, todos podemos errar, mas há que ter a elevação de reconhecer os erros e o momento para sair.

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