COMPETÊNCIA OU INTERESSES?  Irmão de João Lourenço faz duas décadas a frente da Junta médica

Diretor-geral da Junta Nacional de Saúde, Dr. Augusto Manuel Gonçalves Lourenço, irmão mais velho do presidente da República, João Lourenço, é líder da JNS desde 1999. De um tempo a esta parte, a instituição foi acusada por pacientes de ser uma instituição de malfeitores e de lavagem de dinheiro.


Por Afonso Eduardo

“A falta de transparência nos valores disponibilizados para colmatar as dificuldades na Junta Nacional de Saúde condiciona o bom funcionamento da instituição. Muito desses valores são desviados por elementos ligados ao sector e os pacientes ficam sem solução e, no fim, mesmo com as fichas e vistos carimbados, os doentes, pela morosidade do processo, acabam por não viajar e muitos chegam mesmo a morrer”. Revelou uma fonte local.  E afirmou outra fonte que têm tido pacientes devidamente autorizados a serem evacuados para o exterior do país pois recebem o despacho da Comissão de Peritagem Médica da Junta Nacional de Saúde e têm vistos carimbados, mas, infelizmente, muitos desses pacientes acabam por não viajar por razões que até eles, enquanto técnicos, desconhecem.

Numa entrevista que o director-geral concedeu ao jornal de Angola em 2018, conta que a permanência no exterior durante 12 meses, a exemplo da África do Sul, o custo por doente com tratamento médico e medicamentoso, associado ao do bilhete de passagem, custa mais de 4.000.000,00 Kwanzas, ao passo que em Portugal o custo é elevadíssimo.

De acordo com os dados da ANGOP, entre 1999 e 2012 o investimento terá sido de mais de 20 mil milhões de Kwanzas, porém Augusto Lourenço retorquiu afirmando que os valores apresentados não eram reais e afirmou que recebiam, para os dois países, um valor anual de apenas 994.518.540,00. O valor investido no período de 13 anos (1999 a 2012) foi então, de cerca de 13 mil milhões de Kwanzas.

Outros escândalos financeiros surgiram em 2015 em que o orçamento foi de 3 mil milhões de kwanzas (16 milhões de euros à data), mas a instituição recebeu apenas 746 milhões de kwanzas (quatro milhões de euros). Em 2016, dos 4 mil milhões de kwanzas (21,6 milhões de euros) planificados foram apenas disponibilizados 1.700 milhões de kwanzas (9,1 milhões de euros), e, no ano seguinte, de um orçamento inicial de 3 mil milhões de kwanzas, a instituição recebeu 971 milhões de kwanzas (5,2 milhões de euros). A diferença do valor não foi justificada por nenhuma entidade do Estado.

Apesar de existirem esses recursos destinados aos pacientes, ainda é notório o grito de socorro dos doentes transferidos, clamando pela assistência médica bem como pela alimentação.

Um paciente que esteve na África do Sul em 2019 contou ao FD que existe naquele país uma senhora médica, que se identifica como mãe da cantora Pérola, que se apropria dos bens dos doentes.

“Nós demoramos porque a nossa junta médica orienta a morosidade no processo de atendimento dos pacientes nacionais. O tempo que lá ficamos, foi um milagre para nos alimentarmos”, revelou.

O Senhor David Adão fez saber ao Factos Diários que a sua única irmã acabou por morrer em 2019 por causa da morosidade do processo. “A Junta continua a ser um problema sério na evacuação de doentes. Há pessoas que estão com vistos expirados e muitas até acabaram por morrer como foi o caso da minha irmã”, lamentou.

Alexandre Sebastião André, Presidente do Grupo Parlamentar da CASA-CE, fez saber que não há razões dos doentes transferidos para o estrangeiro reclamarem de fome e de falta de atendimento, porque, entende o parlamentarista, o OGE confere um orçamento anual para o sector e alertou que se precisa de saber quem realmente está a se beneficiar do dinheiro alocado para o efeito.

Dr. Augusto Manuel Gonçalves Lourenço é de opinião que o país teria poupado muito dinheiro se tivesse bons hospitais. Numa entrevista concedida às edições Novembro no dia sete de Abril de 2018, Lourenço (médico), conta que mensalmente são enviados dez doentes, cinco em Portugal e cinco na África do Sul. Segundo o responsável, a quantidade de doentes no exterior do país não é grande, mas o tempo de permanência é exagerado, sendo um peso para os cofres do Estado.

Questionado sobre os maiores obstáculos que a Junta atravessa, o responsável revelou que estão cansados de serem uma instituição com dívidas permanentes. E revelou que, por mais que o Estado angolano as liquidasse, ainda assim essas dívidas voltariam a surgir. E sobre as críticas que a Junta tem recebido, Augusto Lourenço conta que algumas delas são justas e procuram corrigi-las, mas outras não têm sido justas”.

 

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